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Ao se demitir do Flu­­mi­­nense, Muricy Ra­­malho mostra, mais uma vez, que é um técnico como poucos. E para poucos. Toma decisões que quase ninguém suporia possíveis no futebol. Recusou a seleção brasileira. Expõe a falta de estrutura do Fluminense, pede demissão e diz e que precisa de férias. Pode fazer isso não só pela carreira vitoriosa que construiu, mas também porque ousou desde sempre nessas decisões.

Claro que o desgaste pela falta de bons resultados – a perda da Taça Guanabara para o Boa Vista e o pífio desempenho na Libertadores – corroboraram para a saída do clube. Uma sondagem do Santos, também. Mas não é de agora que surgiram as reclamações quanto às condições de trabalho. No dia seguinte à conquista do título brasileiro, em de­­zembro, Muricy já expunha a (falta de) estrutura para o preparo e recuperação dos atletas. "Com quatro rodadas para acabar [o Brasileiro], tivemos o dobro de lesões do ano anterior [2009]", comparou.

Tomara que mantenha a palavra quando diz que vai passar um mês descansando, apesar de o burburinho na Vila Belmiro apontá-lo como substituto de Adilson Batista. Uma esperança quase infantil, é verdade, mas gostaria de ter a certeza que (às vezes) uma convicção pode ter mais influência que as cifras no mundo da bola.

Muricy tem a imagem de turrão, de quem não volta atrás em suas decisões. Assim, firmou-se como um dos principais técnicos da sua geração, que não esconde a impaciência nas en­­trevistas coletivas e que impõe seu estilo por onde passa e cumpre o que diz. Em 1997, foi dispensado do São Paulo. Disse que voltaria para ser vitorioso. Cumpriu a promessa nove anos depois: foi tricampeão brasileiro (2006 a 2008).

Ano passado, foi cotado – e até confirmado – como o substituto de Dunga na seleção brasileira. O Flu não o liberou. Muricy acatou e permaneceu no comando da equipe nas Laranjeiras. Foi agraciado com seu quarto título brasileiro em cinco temporadas consecutivas. Jura, de pés juntos, não se arrepender da negativa ao convite do presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A contar pelo desempenho de Mano Menezes, acho que Muricy diz a verdade.

Oito clássicos

A medida é para tentar acabar – ou, ao menos, amenizar as suspeitas de "corpo mole" dos times que chegam à reta final do Brasileirão sem chances de título. A CBF radicalizou: colocou oito clássicos estaduais na última rodada.

A contar pelos últimos três anos, cria-se mais um fato para incrementar o final da competição, visto que em 2008, 2009 e 2010 o campeão só foi conhecido na rodada derradeira. Assim, a competição fica aquecida até a 38.ª rodada.

Mesmo que o vencedor garanta o título com antecipação, o torcedor terá uma despedida de luxo do Nacional: Atletiba, Gre­­nal, Corinthians x Palmeiras, Vas­­co x Flamengo garantem ar­­qui­­bancadas cheias. Vale a ressalva: a medida exigirá policiamento extra por todo o país.

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