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Macaco, privada e tiros. Esse é o resumo do último fim de semana de futebol. Algo errado? Tudo. O normal seria falar de gols, o craque da rodada. Não sei se foi o mundo que enlouqueceu e os gramados só o refletem tamanha insanidade ou se temos levado a sério demais o conceito de "arena" e extrapolado o limite do civilizado à beira do campo.

Relembrando: na sexta, tivemos um torcedor morto porque lançaram um vaso sanitário sobre ele, de dentro do estádio do Arruda. No sábado, a final da Copa da Itália começou com uma hora de atraso porque três torcedores foram baleados em confrontos de torcidas organizadas de Napoli e Fiorentina. No domingo, o volante senegalês Papa Diop, do Levante, dançou na frente da torcida do Atlético de Madrid como se fosse um macaco em protesto por ter sido chamado como tal.

Assim, o que aconteceu com a bola rolando, infelizmente, deixa de importar. Ao menos, deveria. Em vez de gols, cada vez mais noticiamos crimes nas páginas esportivas. Casos que apesar de absurdos ficam cada vez mais recorrentes, resvalando para a banalidade.

A que mais me choca é a morte do torcedor do Sport, Paulo Ricardo Gomes da Silva, na sexta-feira, no Recife. Na minha inocência, morte dentro de estádio devia ser coisa exclusiva da História da Roma Antiga.

De onde se tira tamanha covardia para lançar uma privada a 30 metros de altura sobre um grupo de pessoas? Que tipo de estupidez temos gerado em nome da defesa das cores de times?

Por causa de relações entre torcidas coirmãs, temos em Curitiba já a nossa própria tragédia. Há quase dois anos, o torcedor do Paraná, Diego Henrique Raab Gonciero, de 16 anos, morreu vítima de um tiro em um encontro de organizadas rivais. Coincidentemente, também envolvendo torcedores do Sport, como era o caso de Ricardo, morto na última sexta-feira. Na ocasião, a Fúria Independente recebia membros de uma facção do time pernambucano em um churrasco quando três carros com torcedores da Os Fanáticos, do Atlético, chegaram atirando. Tão sem lógica quanto a morte no Arruda. Tão estúpida quanto.

Sigo sem entender também as manifestações de racismo. Muita coisa tem sido dita e desdita depois da efervescência pós #somostodosmacacos causada com a banana comida por Daniel Alves e a campanha marqueteira de Neymar. Mas, mesmo com tanta gente defendendo o fim do racismo (afinal, quem se declararia contra o fim do racismo?), estamos longe combater de fato esse preconceito. Talvez porque não seja fácil olhar para ele.

Arrisco apenas dizer que é inútil querer interpretar e solucionar o racismo no futebol brasileiro com a mesma medida que ele se manifesta na Europa, embora se trate de uma intolerância ao outro completamente sem lógica, tanto aqui quanto lá.

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