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Tão frio quanto o ambiente que a seleção brasileira encara nesta semana na Europa é o ânimo transmitido pelos jogadores dentro de campo. No que deveria ser a fase final da preparação para a Copa do Mundo, a equipe pentacampeã garimpa seu recomeço. Assim como ocorre com as obras nas subsedes do torneio – que já está logo ali –, tudo vai ficar para a última hora. É preciso construir um grupo em pouco mais de um ano. Falta muito.

O desafio é grande até mesmo para Luiz Felipe Scolari, que se continua com a mesma autoridade de paizão da Família Scolari com os jogadores, já não conta com total confiança dos torcedores. Depois de alcançar o ápice da carreira ao levantar a taça na Coreia do Sul/Japão, ele perambulou pelo mundo da bola sem repetir o sucesso de 2002. Com Portugal, bateu na trave na Eurocopa de 2004. Esbarrar duas vezes na Grécia, em casa, é imperdoável.

Por último, o bigodudo ajudou a rebaixar o Palmeiras na Série B. Saiu de cena antes para não aparecer na foto da vergonha. É fácil reclamar que o elenco era ruim. E ainda é. Mas parte da turma da chuteira torta apertou a mão do presidente palmeirense por indicação dele. No mínimo, a culpa é compartilhada.

De volta à seleção, tem a chance de provar que é genial quando pode escolher à vontade as peças. Herdou um time apático de Mano Menezes, tentou não mexer muito ao voltar à beira do gramado com a jaqueta da CBF e falhou. Na derrota para a Inglaterra, continuamos com uma equipe sem vida, taticamente enrolada e tecnicamente inferior aos principais candidatos ao título em 2014.

Na quinta-feira, contra a Itália, Felipão deve montar uma formação mais ao seu estilo. Isso significa rever (reforçar) o sistema defensivo. Medida necessária. O problema é voltarmos a pensar apenas em resultados, deixando de lado o modo de jogo. Depender de bolas paradas e lances geniais esporádicos não são suficientes para sonhar alto. Tampouco serve transformar a seleção em um time pequeno, dependente dos contra-ataques, como fez Dunga.

Em 2002, Felipão contou com a fase mágica de Rivaldo e Ronaldo. Agora, o nome ao redor do qual se montará o time é o de Neymar. Um craque como poucos no mundo. Uma dor de cabeça também sem igual. O santista vem se perdendo em meio a tanta badalação. Além disso, some com a camisa amarela no corpo, situação inversa à do Fenômeno, que crescia quando a equipe precisava. Devolver o foco de Neymar ao futebol e achar seu espaço na seleção é o primeiro passo.

O treinador, porém, ainda vai precisar de um companheiro de ataque para o astro. Por enquanto, Fred é a opção. Tem de querer contribuir. O problema maior é nas laterais, que não funcionam ofensivamente, e no meio de campo. Hernanes, Kaká e Oscar não são confiáveis.

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