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Depois do calor senegalês que revolucionou os hábitos dos curitibanos, me arrisco a dizer que nada mais mexeu com a frieza desta cidade nos últimos dias do que a polêmica em torno da Copa do Mundo. Da dona de casa desatenta, passando pelo cobrador de ônibus até o novo funcionário da corporação chegado a uma autopromoção, todo mundo meteu o bedelho na construção da Arena.

Virou uma espécie de Atletiba, com o público bem dividido entre permanência ou não do estádio atleticano no torneio da Fifa. Um jogo mais de amores do que de razão. O paciente leitor que por algum instante gastou seu tempo com este escriba, sabe que sempre fui contra a realização do Mundial no Brasil. Quem já ficou mais de 30 minutos no ponto esperando por um ônibus lotado ou enfrentou horas intermináveis atrás de uma consulta no posto de saúde sabe que temos prioridades bem mais urgentes.

Mas vá lá, a Copa voltou para cá. Aí não faz o menor sentido Curitiba não fazer parte da organização. Pela importância do estado, da cidade, do nosso futebol e do estádio. Torcer contra é como ir ao circo na expectativa de o trapezista cair. Ao invés de aproveitar e curtir o momento, queremos ver a desgraça. O "sim" definitivo da Fifa na terça-feira nos obrigou a virar o fio. A Copa será na Arena da Baixada. Agora é trabalhar para tentar amenizar a mancha quase definitiva com o carimbo da desorganização que colou na capital paranaense.

Temos por obrigação entregar tudo a tempo. Caprichar na recepção dos turistas, tornar a cidade fácil e ao mesmo inteligente para que nenhum estrangeiro se sinta enganado, pegando o ônibus no sentido Santa Cândida achando que vai parar no Água Verde, a poucas quadras do estádio. Fazer desses minguados jogos da primeira fase a nossa própria Copa.

Cumprida esta etapa, é hora de o poder público, como sócio majoritário dessa exótica (para dizer o mínimo) engenharia financeira que viabilizou a construção do estádio, cobrar tudo aquilo que o Atlético ficou de devolver. O primeiro ato poderia ser convocar uma entrevista coletiva, nos mesmos moldes da concedida na terça pelo prefeito Gustavo Fruet, para revelar todos os números da negociação. Algo bem didático, do tipo o "Atlético nos deve tantos milhões por causa disso, disso e daquilo. O clube tem um ano para fazer o pagamento, que será revertido para essa, essa e aquela área".

Bem mais do que ruas abertas ou cadeiras "padrão Fifa", o legado da transparência é o maior presente que Curitiba poderia ganhar. Se é que isso ainda é possível.

Rodada

Amedrontado pelo torneio da morte, o Atlético B – B mesmo já que apenas o meia Zezinho irá reforçar o time alternativo –, precisa bater o Londrina nesta noite. Tarefa das mais complicadas em condições normais, com o LEC em franca ascensão no campeonato. Dejan Petkovic terá de mostrar mais do que a até aqui apagada passagem pelo futebol paranaense para tirar o Furacão dessa encrenca. Boa sorte.

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