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Onze anos atrás, quando o Ultimate Fighting Championship (UFC) foi realizado pela primeira e única vez no país, a situação do recém-criado esporte era precária. O paranaense Wan­­derlei Silva participou do evento realizado em São Paulo e relembra: "Quando lutei no UFC Brasil, em 1998, não tinha nem vestiário. Fiz meu aquecimento no banheiro".

A menos de um mês da segunda edição nacional da maior competição de arte marcial mista (MMA) do mundo, o cenário é drasticamente diferente. No dia 27 de agosto, o Rio de Janeiro entrará em um circuito exclusivo e bilionário de um monstro que cresceu, engoliu os principais adversários, mas segue faminto. E nesse contexto o país da próxima Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016 se tornou uma grande e suculenta refeição.

Criado em 1993, nos Estados Unidos, pelo brasileiro Rorion Gracie, hoje o UFC engorda na base de cifras polpudas. Antes um obscuro torneio, que contava com somente duas regras (não valia morder nem colocar o dedo no olho do adversário), o campeonato tinha a intenção de descobrir qual era o estilo de luta su­­perior. Comparado pelo senador americano John McCain a uma "briga de galo humana", o MMA quase foi banido totalmente.

Mas resistiu e sofreu uma reviravolta em 2001, quando foi vendido por meros US$ 2 milhões. Os irmãos Frank e Lorenzo Fertitta, donos de casinos em Las Vegas, aliados ao ex-personal trainer e promotor de boxe Dana White mudaram o rumo do esporte.

Na base do marketing, da instituição de 32 regras, do pay-per-view e da criação do reality show "The Ultimate Fighter", construíram um império hoje avaliado em 1 bilhão de dólares, exibição em 135 países e em 21 línguas diferentes, e audiência consolidada e crescente em 597 milhões de tevês pelo planeta.

Um nicho de mercado descoberto e muito bem explorado, segundo White, baseado no mais primitivo instinto do ser humano. "A luta está no nosso DNA", afirma. Os principais concorrentes, Pride, WEC e Stri­keforce foram absorvidos pelo monstro, que sonha em ser maior do que o futebol.

Para Wanderlei Silva a luta sempre esteve em seu código genético. Hoje, porém, sem a necessidade de fazer o aquecimento em um banheiro gélido e apertado. Fora dos ringues, os lutadores têm toda comodidade, são tratados como profissionais – e remunerados da mesma forma –, com salários que variam entre milhares e milhões de dólares, dependendo do "espetáculo" que dão.

No caso do UFC Rio, em menos de uma hora e meia todos os ingressos foram esgotados. Começou a contagem regressiva.

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