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– Senhoras e senhores, vai começar o Campeonato Paranaense de Futebol! Interessados?

Hoje é terça, dia desta coluna solitária neste caderno. Sem a companhia de Nego Pessôa (que chapéu é esse, Pessôa? Posso usar?), nem Carneiro Neto. Hoje pode acontecer qualquer coisa neste espaço, inclusive algum comentário sobre futebol. A editoria prefere futebol. Farei o possível.

Grande parte dos cronistas – e/ou dublês de cronistas, como este – entra em férias em início de ano. Ficam uns poucos falando sozinhos, com as paredes. Sim, porque também grande parte dos trabalhadores – e potenciais leitores – está escondida do trabalho e de outros compromissos triviais, como ler um jornal, por exemplo. E falar sobre o Paranaense, e ainda com a turma toda em férias, é quase como falar com as paredes. Mas se é assim, que assim seja. Às paredes.

Dezesseis clubes, dos quais treze unirão forças contra três, os mesmos três de sempre, da capital, do centro, das atenções. Os favoritos, por supuesto (essa é minha, Nego!). Sempre foi assim? Bem, desde que me enfiei nesta de futebol, há quase dez anos, é assim. Já foi diferente? Não muito. São poucas as variações.

Veja os concorrentes do interior ao título de 2006 (inclua aí o Malita, que é de São José dos Pinhais, apesar de vir almoçar todo dia no centro de Curitiba, e que volta com muita fome, segundo sua "mãe adotiva" Ruthe Precoma). Na matéria especial de apresentação do Paranaense, ontem, neste caderno, os 16 times foram perfilados e seus currículos brevemente revelados. Dos 13 times interioranos, apenas Londrina e Iraty foram campeões. Fora "Los 3", só os dois. O restante, no item "títulos estaduais", recebeu um nada honroso "não tem". Foram treze "não tem". E vão continuar não tendo. Salvo alguma caixinha de surpresa pelo caminho.

Mas o grande destaque do Estadual é que, há tempos, nove entre dez torcedores não acha mais a menor graça no torneio. É como um Frankenstein a procura do pai, de patrocinador, de alguém que lhe dê algum valor. Lhe dê vida verdadeira, prazerosa, ou então, como na tragédia neoprometéica de Mary Shelley, escolha o suicídio como solução definitiva para sua presença indesejada.

A possibilidade de não haver Atletiba neste Paranaense é uma das faces deste monstro agonizante. Um monstro que, enquanto não se decide pelo último ato, fala sozinho com as paredes.

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