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Pufs... Em meio ao feriadão de Sete de Setembro e este cartunista – e dublê de cronista esportivo – sem ter o que dizer, falar, escrever, desenhar, pensar, sei lá... Uma chateação só. Coisa de feriado não gozado, talvez. Uma sensação de mesmice, como se estivesse rodopiando no carrossel enferrujado do playground do prédio, brinquedo que nem mesmo as crianças pequeninhas se entusiasmam mais. E o marmanjo aqui sentado nele, girando, re­­moendo o remoinho, sem ne­­nhuma ideia circulando pela cabeça. Ou apenas uma: pular fora bem rápido deste mal-estar espiralado. Como?

Ok, está certo. Vamos pensar em alguma coisa, qualquer uma, ligeiro. Não, no meu time não, me poupe, isso não. E olha que tenho três times, o que me daria três vezes mais chances de ser feliz do que um torcedor comum, monogâmico. Mas nenhum deles me faz remover o marasmo, a umidade, que já tomou conta das minhas meias novas, em meio às micoses dos pés. Óh, umidade curitibana! Curitiba, cidade inimiga do saleiro, do sal; e do sol.

Chuta, então! Vai, chuta! Não dá... Lembrei que a única bola que tenho em casa está vazia há pelo menos duas temporadas. E para piorar tudo, acabou de chegar o vizinho chatérrimo, grosso, brucutu, a berrar com os filhos, a mulher, o cachorro, como sempre. Vontade de abandonar este prédio, este apartamento, o carrossel. Mas como? Ir para onde? Maldito feriado de Indepen­­dência.

Dê uma olhadinha nas páginas de futebol da internet. Isso! Deve ter algo ali que entusiasme, que dê alento, lenha que aqueça este inverno, e que tudo mais... Ah, aqui está: "Comissão técnica e diretoria afinam discurso contra as falhas do Coritiba". Hum... ‘"O que temos agora é de descansar bem e trabalhar um pouco a bola parada, que foi um problema que tivemos’, afirmou Marcelo Oliveira, no desembarque no Aeroporto Afonso Pena"’.

Ah, não! Quem precisa descansar sou eu, Oliveira. E bola parada por bola parada, prefiro a minha, honestamente murcha num canto.

"Volante Renan ganha chance com Lopes e enfrenta o Flamen­­go". "Ele será o substituto do capitão do time, Cléber Santana, expulso no empate com o Palmei­­ras, na quarta-feira passada".

Pois é... Palminhas, positivo e inoperante, Cléber.

"Invasão de dirigente agrava fase do Atlético". "Alfredo Ibia­­pina entrou na súmula como ‘invasão’: risco de punição". Cláp! Cláp!Cláp! Mais palminhas, Ibiapina.

"Roberto Fonseca mantém mistério sobre a escalação do Paraná". "Técnico segue escondendo o jogo". Tudo bem, Fon­­seca. Mas mostre tudinho à torcida hoje à tarde, na Vila, sem falta.

Droga! O vizinho voltou a berrar. Não dá. Paro por aqui. Vou descer no playground e ficar girando no carrossel o resto do feriado.

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