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Pois é, tio Tadeu veio à carga novamente. Mais inquieto e áspero do que de nunca. É um inconformado, ranheta no último. Veio com um papo de perfurar tímpanos. Não sei se ele tem razão. É de se pensar. Quem conversa com tio Tadeu fica com suas palavras martelando a cabeça depois.

Como já informei aqui, tio Tadeu não é de fazer firula. Vai di­­re­­to ao ponto, sem "nhém-nhém-nhém", metonímia muito usada pelo ex-presidente FHC – não, não é THC, chicas y chicos, FHC mesmo; aquele Fernando que deu certo no Palácio do Planalto, ao contrário do outro Fernando, seu antecessor, que deu com a burrice n’água e teve de ceder seu trono a Itamar Franco.

Certo, e daí, o que foi que seu tio falou, hombre? Não enrola. Desembucha! – ouvi um leitor dizer ali.

Dia desses, assim que vi tio Ta­­deu na rua, ele veio em minha direção vociferando:

– O futebol paranaense nunca mais vai faturar um título na elite do Campeonato Brasileiro! Nunca mais!

– Ah, não, de novo com isso, tio?!? Me poupe... – respondi

– Tô falando! Nunca mais!

– Ok, por que, então?

– Pontos corridos! O que mais poderia ser?!?

– Não, não e não! De novo não! Tô indo. Tchau!

– Os dois títulos, de 85 e 2001, foram como, hein?!? Mata-matas! Sendo que o de 85 foi conquistado nos pênaltis! Mais mata-mata que isso, impossível! Mata-mata é nossa única esperança!

–Larga meu braço, tio! Preciso ir, verdade!

– O Coxa quase ficou com a Copa do Brasil no ano passado por quê? Me diga! Mata-mata! Não temos...

– Pô, tá doendo meu braço, tio! Solta que eu escuto, juro!

– Não temos cacife pra disputar pontos corridos na elite. Série B, tudo bem. Já somamos cinco títulos nela! Campeão na Segundona é nosso limite. Copa do Brasil ainda considero possível. Agora, título da Série A, esqueça!

– Pronto? Já acabou? Posso ir?

– Pode! Só mais uma coisa...

– O quê?

– Tô indo almoçar. Me faz companhia?

* * * * *

Em outra ocasião, tio Tadeu veio com uma conversa no mínimo curiosa. Disse que o Paraná Clube deveria abandonar o Durival Britto – a Vila Capanema –, que estaria caindo aos pedaços, e reformar o Érton Coelho Queiróz, a Vila Olímpica do Boqueirão.

Isso mesmo. Tio Tadeu defende que os tricolores transformem aquele estádio em uma espécie de "La Bombonera do Boqueirão". Para isso, bastaria construir mais um anel de arquibancada e au­­mentar a capacidade para uns 12 mil lugares. "Não precisa mais do que isso", garante. Espaço e fundação adequados já existem na Vila Olímpica, diz ele.

E, o mais importante, segundo tio Tadeu, seria resgatar e conquistar os torcedores paranistas da região, bastante populosa, o "maior colégio eleitoral de Curiti­­ba", completou, confiante.

– Não será um Boca Juniors por causa disso, mas o Paraná Clu­­be poderia reviver seus áureos tem­­pos de Boca Negra com La Bom­­­­bo­­nera do Boqueirão! – finalizou tio Tadeu.

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