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Um leitor, jornalista, não entendeu, não leu com calma ou escutou de quem não sabe ler o que escrevi no domingo. Não disse que Dagoberto é um cabeça-de-bagre. Escrevi que o atacante, que era uma grande promessa, é hoje mais elogiado por marcar o volante e que isso pode ser feito por qualquer cabeça de bagre. É bem diferente.

Dagoberto precisa ser mais elogiado pelos dribles, passes e gols, como o que fez contra o Palmeiras, embora tenha desperdiçado vários bons contra-ataques. Poderia ainda ser expulso por uma entrada violenta. Já as duas expulsões preventivas foram equivocadas, resultado da insegurança de quem apita hoje um clássico no Brasil.

Não falei também que não tem nenhuma importância a marcação de um volante por um atacante. Nos anos 60, sem ninguém me pedir, fazia isso no Cruzeiro. Sabia que os zagueiros e laterais passavam a bola para o volante iniciar as jogadas ofensivas e tentava marcá-lo. Mas isso pode ser feito por qualquer cabeça-de-bagre.

Dagoberto criou uma grande expectativa no início de sua carreira e, por isso, é mais cobrado que um jogador de seu nível técnico. Ele é um bom atacante, veloz, que perturba bastante os zagueiros. Mas é pouco para um excelente jogador. Dagoberto precisa finalizar melhor e dar mais passes decisivos. Ele corre demais com a bola e está sempre desequilibrado no momento do chute.

Um torcedor do Cruzeiro reclamou também que fui duro com Guilherme, na minha coluna anterior. Pelo contrário. Disse que Guilherme, se quiser ser um craque, não pode brilhar em poucos lances e jogar mal e desaparecer no restante das partidas. Fiz um elogio, já que poucos atacantes brasileiros brilham como ele. Mas Guilherme não pode se limitar a jogar parado entre os zagueiros e a alguns excepcionais lances. Ele tem talento para fazer mais que isso.

Assim como acontece com alguns jogadores, os técnicos podem errar nas vitórias e acertar nas derrotas. Às vezes, um técnico substitui mal e o time melhora ou o contrário. Um treinador pode ser também campeão em uma temporada e fracassar nas seguintes.

Por esse e vários outros fatores envolvidos no resultado de um jogo, mesmo na conquista de um título, um treinador precisa ser analisado por várias temporadas, por suas condutas, conceitos e comportamento no comando das equipes, e não somente por alguns resultados. Um treinador pior pode também ganhar mais títulos que um melhor.

Por mais independente e competente que seja um comentarista, ou qualquer profissional, ele não consegue ser totalmente neutro, já que elogia e critica de acordo com seus conceitos e pré-conceitos. Ser isento é diferente de ser imparcial. Podemos ser isentos, mas nunca seremos completamente imparciais. Sem perceber, enxergamos muito mais o que queremos ver.

Alguns clubes, dirigentes, treinadores e atletas querem ficar bem com a imprensa e alguns jornalistas fazem o mesmo, para não perderem uma boa fonte e boas entrevistas. Conheço bem essas contradições e relações perigosas desde a época em que jogava.

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