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No meu trabalho de comentarista, cometi alguns enganos. Os que não percebi devem ter sido os piores e mais freqüentes.

O meu penúltimo equívoco foi dizer que os elencos do São Paulo e Botafogo estavam mais ou menos no mesmo nível. O do São Paulo é melhor. Ainda mais com Rogério Ceni no gol.

O último erro foi escrever que o Botafogo tem um estilo de toque de bola e o Cruzeiro de velocidade. Os dois times são muito velozes e tocam muito bem a bola. A diferença está nos esquemas táticos. O do Cruzeiro é mais convencional. O do Botafogo parece uma "desordem" que deu certo. Será que acabo de escrever mais um equívoco?

Um bom técnico precisa dar ao time um estilo de acordo com as características de seus jogadores. Foi o que fizeram Muricy, Cuca, Dorival Júnior e outros bons treinadores das equipes brasileiras.

Mas se o São Paulo criar uma maneira de fazer mais gols e Cruzeiro e Botafogo de evitá-los, sem perderem os seus estilos, ficarão ainda melhores. Os cinco gols do São Paulo contra o Náutico não servem de parâmetro, pois o adversário tinha dez jogadores.

Gosto do futebol ofensivo e bonito, desde que seja também eficiente, como tem jogado Cruzeiro e Botafogo. Os dois times estão mais bem colocados do que se esperava pela qualidade dos seus elencos. Não é só também o líder, o campeão, que é competente.

A maioria dos jogadores e técnicos de todos os times brasileiros faz questão de dizer nas entrevistas que suas equipes não jogam bonito, como se isso fosse um atestado de ineficiência e se tivessem de escolher entre jogar bonito e ganhar. Parte da imprensa é conivente com essa deformação. Não podemos apoiar essa cultura da mediocridade, disfarçada na justificativa que o importante é o resultado.

O olhar da crítica esportiva não pode ser o dos treinadores e torcedores que só pensam na vitória. Obviamente, eles têm motivo para isso. Já o nosso compromisso é com a qualidade do espetáculo.

Assim como ocorre com todos nós comentaristas, jogadores, técnicos, dirigentes, árbitros e auxiliares também erram. Os dos dirigentes costumam ser mais graves e raramente são substituídos, como escreveu a Soninha. No fim de semana, as maiores lambanças foram dos árbitros. Difícil escolher a pior. Entre os treinadores, Carpegiani cometeu um erro clássico, comum à maioria dos técnicos que escala três zagueiros.

O Corinthians jogou com três defensores, três atacantes, dois volantes e dois alas, que só corriam encostados à lateral do campo. Ficaram dois volantes contra quatro armadores do Cruzeiro, que deitaram e rolaram.

Repito, pela milésima vez, que ala não é lateral que apóia mais do que o habitual. É um armador pelos lados, formando com os dois volantes uma linha de quatro no meio-campo, como jogam Jorge Wágner, Souza, Joílson, Juan e outros bons alas brasileiros.

Todos erram, uns mais, outros menos. Alguns erros no futebol podem ser corrigidos durante o jogo e outros não. Assim é também no jogo da vida.

tostaocoluna@hotmail.com

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