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Recentemente, um leitor me cobrou mais coerência por ter elogiado e depois criticado a mesma pessoa. Tento analisar os fatos. Não posso dar opiniões somente de acordo com comportamentos anteriores nem por gostar ou não de uma pessoa.

Sei também que é muito difícil ser um observador totalmente neutro. Com freqüência, mesmo sem querer, opinamos influenciados por prévios conceitos, pré-conceitos e preconceitos, conscientes ou não.

Dunga tem mostrado firmeza no comando da seleção. Ele não enrola. Não diz uma coisa e faz outra. Dunga dá a impressão que é uma dessas pessoas que sabe fazer. Mas para fazer melhor, ele, como qualquer profissional, precisa ter mais conhecimentos, que vão muito além da informação.

Saber muito a teoria não significa sempre executar bem. Mas quem sabe pouco, nunca vai fazer bem. A prática sem a teoria é uma grosseira simplificação.

Dunga era um atleta que gostava e se preocupava com os aspectos táticos. Ele tinha a leitura do jogo, como se diz no futebol. Agora ele cobra isso dos jogadores.

Porém, há sempre um porém, discordo de algumas preferências do técnico. Nos dois primeiros amistosos, Dunga armou a equipe da maneira tradicional que se joga na Europa, com duas linhas de quatro e dois atacantes. O meia de cada lado forma dupla com o lateral, na defesa e no ataque. Isso funciona bem quando se tem um meia disciplinado, capaz de defender e atacar com eficiência, como Elano.

Mas essa não é a única nem a melhor opção, quando há craques como Ronaldinho e Kaká, que têm outras características e que jogam diferente nos seus clubes.

No amistoso contra o Pais de Gales, Dunga, como prometera, escalou os dois como atuam no Barcelona e no Milan. Esse é o caminho para se formar um grande time. Porém, como técnico quer três marcadores no meio-campo, não haverá lugar para o Robinho, já que é essencial a presença de um atacante no estilo do Fred.

Pelas suas características, Robinho poderia jogar mais à frente e pela direita, sem posição fixa, atacando e defendendo. Ainda sobrariam dois volantes, que contariam com a ajuda na marcação do Ronaldinho, Kaká e do próprio Robinho.

Acho ainda que um dos volantes poderia avançar quando o time recuperar a bola. Edmilson e Gilberto Silva não sabem fazer isso. Não gosto, como acontece em quase todos os times do mundo – menos no São Paulo, Barcelona e poucas equipes do mundo – de um volante ao lado do outro, trocando passes curtos e para o lado. Isso atrasa as jogadas ofensivas. Nada mais complicado para uma defesa quando um volante adversário aparece na frente, para tabelar e finalizar.

Pensando no pré-olímpico e na Copa de 2010, Dunga tem convocado alguns jovens, o que é correto. Porém, ele chamou vários jogadores – todos bons – que não terão idade olímpica nem são os melhores de suas posições, comparando com outros de idade parecida. Já o Anderson, melhor jogador do mundial sub-17 no ano passado, a maior promessa do futebol brasileiro, não foi convocado.

Com o tempo, algumas das opiniões do Dunga e nossas (da imprensa), vão mudar. Ainda bem.

É ou não é

Como disse José Trajano, ótimo observador e crítico, a carreira do Robinho está na berlinda. Não que ele já não seja um excelente jogador. A dúvida é se ele vai se tornar um grande craque, inesquecível, como Ronaldinho e Kaká, o que Robinho ainda não é, e que no Brasil falam há muito tempo que ele já é.

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