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Neymar continua no Santos. Poderemos admirar e acompanhar mais de perto seu enorme talento. Será ótimo para o Santos, para o torcedor, para a imprensa e para o futebol brasileiro. É preciso discutir, do ponto de vista técnico, se será bom para o jogador. Parece que sim. Mas não há certeza disso.

Escrevi na coluna anterior que a experiência de um jogador não serve para outro, e que costumamos ter dúvidas, profissionais e pessoais, quando tomamos certas decisões. Só os medíocres não têm dúvidas.

Há inúmeros motivos para Neymar não sair agora, como os de que ele só tem 18 anos, de que precisa evoluir na parte técnica, tática, física e emocional e de que poderá não se adaptar e ser reserva do Chelsea. Dizer que Neymar precisa ir para melhorar na parte tática é um conceito ultrapassado. Os técnicos brasileiros são tão bons quanto os da Europa.

Tudo isso é racional, previsível, mas não seria surpresa se fosse diferente. Ter 18 ou 20 anos faz pouca diferença. Neymar poderia evoluir profissionalmente na Europa mais que aqui, gostar da Inglaterra, aprender rapidamente a língua e conhecer novos penteados. Poderia brilhar e ser logo uma estrela mundial, como Kaká no Milan. Neymar jogaria em um dos três melhores times do mundo.

Não é verdade, como costumo escutar, que o futebol na Europa é mais de força, de mais marcação e mais difícil para se jogar. Hoje, o futebol brasileiro é muito mais faltoso, físico e violento. Os gramados são também muito piores. Aumentam o risco de contusões. Além disso, o Santos, sem Robinho, que fará tremenda falta, e por outros motivos, poderá não ser mais tão brilhante.

O ser humano está sempre atrás de certezas, de explicações definitivas e do milagre, que deem sentido à vida. Pessoas, travestidas de sábias, explicam tudo, desde as coisas óbvias e banais até às eternas dúvidas existenciais. Alguns falam, e a maioria repete. Quem pensa diferente é, no mínimo, visto com estranheza, ainda mais se não fizer parte da mesma patota. No futebol, é a mesma coisa.

Contardo Calligaris escreveu na quinta-feira: "Quando a mídia é de massa, não há mais diferença entre manipuladores e manipulados, pois os próprios manipuladores, expostos à mídia, são manipulados por suas produções. Ou seja, progressivamente, todo o mundo pensa as mesmas trivialidades".

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