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Johannesburgo - A pergunta que todos os jornalistas de todo o mundo fazem aqui na África do Sul é se a eliminação do Brasil vai ocasionar mudanças na maneira de jogar da seleção e dos clubes brasileiros.

Não tenho nenhuma esperança. Todos os técnicos brasileiros, sem exceção, pensam como Dunga e como a maioria dos técnicos de fora. É o pensamento único, globalizado, de que o futebol é um jogo matemático, científico, e o que importa é somente o resultado. Os treinadores não têm nenhuma preocupação com a qualidade do espetáculo. Falam que isso é assunto para comentaristas saudosistas e românticos.

Treinador não precisa ser tão operatório e achar que descobriu o futebol nem tão anárquico e desinformado, como Maradona. O time que só tem um jogador de meio-campo (Mascherano), e dois laterais-zagueiros muito ruins teria de ser eliminado da Copa. Messi atuou muito recuado, tentando ser o armador da equipe. Ali não era seu lugar. Messi é um atacante veloz, para jogar por todos os lados do ataque.

Paradoxalmente, a seleção de 70, que encantou o mundo, marcou o início, no Brasil, do futebol científico e organizado. Como em 70 houve um excepcional planejamento, dentro e fora de campo, e uma excelente estrutura profissional de apoio aos atletas, para a época, todos os clubes brasileiros passaram, progressivamente, a fazer o mesmo.

Com isso, houve uma supervalorização do jogo coletivo, do técnico e da estrutura profissional, em detrimento do talento e da qualidade do espetáculo, como se uma coisa anulasse a outra. As duas coisas são essenciais.

Hoje, os dirigentes dos grandes clubes brasileiros adoram dizer que seus especialistas na área esportiva e que suas estruturas profissionais são os melhores do mundo.

É indiscutível a qualidade da estrutura dos clubes e dos profissionais brasileiros, mas nem sempre isso é verdade. A imprensa oficial e a turma do oba-oba falam, e a maioria repete.

Os craques que atuam hoje no Brasil estão mais fora de campo que nos gramados. Não faz sentido nem tem equivalência um clube brasileiro ter uma excepcional estrutura profissional, pagar uma fortuna ao treinador e ter um futebol de pouca qualidade. E como ter um grande estádio, teatro, sem ter bons espetáculos.

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