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No passado, quando o Jornal do Brasil era o grande jornal brasileiro, quase todas as principais equipes do país tinham um ótimo meia-armador, que costumava jogar com a 8, e um ótimo ponta de lança, que geralmente usava a 10.

A maior dupla de jogadores dessa posição foi a da seleção, na Copa de 1970, com Gerson, de meia-armador, e Pelé, de ponta de lança. O 8 e o 10.

O meia-armador atuava de uma intermediária à outra. Era muito habilidoso, criativo, marcava e coordenava as jogadas de meio-campo. O ponta de lança era um segundo atacante, artilheiro, que recuava para receber a bola e fazer dupla com o meia-armador. Os dois se completavam.

Com o tempo, o meio-campo foi dividido entre os volantes, que quase só desarmam e quase só jogam do meio para trás, e os meias de ligação ou ofensivos, que quase só jogam do meio para frente. Praticamente desapareceram os meias-armadores. O atual meia-ofensivo é diferente do ponta de lança. Este tinha características de atacante. O meia-ofensivo tem mais características de armador.

Nas últimas décadas, no Brasil e no mundo, sobreviveram poucos meias-armadores de grande talento. Zidane foi o maior deles. Era uma mistura do antigo meia-armador com o atual meia-ofensivo ou de ligação.

Não dá para comparar Conca e Deco com os maiores craques de outras épocas, ainda mais que Conca não é um ponta de lança, e Deco não é mais o craque que foi quando jogava no Barcelona, mas os dois juntos revivem no meu imaginário os grandes jogadores dessas posições.

Deco, meia-armador à moda antiga, gosta da bola, do passe, do domínio do jogo, enquanto Conca, meia-ofensivo, gosta de levar a bola rapidamente para o gol e servir aos dois atacantes.

Não confundir esse tipo de dupla, de jogadores diferentes em posições e funções diferentes, com a escalação de dois meias-ofensivos, como Montillo e Roger, do Cruzeiro. Neste caso, não costuma dar certo.

Com Deco e Conca, o Flumi­­nen­­se tem mais a posse de bola e troca mais passes. Como muitos torcedores e jornalistas não estão mais acostumados a isso, vão dizer, como já disseram durante o jogo contra o São Paulo, que o time está lento, demorando a chegar ao gol. Uma ótima equipe precisa saber o tempo certo de reter a bola, cadenciar o jogo e de acelerar. Conca e Deco fazem isso muito bem.

Corinthians, cem anos. Para­­béns!

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