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Quando entrei no curso de Psicanálise, imaginei que jamais entenderia as ideias de Freud. Logo, percebi que seus textos eram tão claros, convincentes e simples, que até os mistérios da alma tinham lógica. Freud colocou ordem no caos.

Quando joguei ao lado de Pelé, percebi que uma de suas principais qualidades era tornar simples o que era complexo. Tudo se iluminava à sua frente. Antes de a bola chegar, Pelé parecia me dizer, com seu olhar vivo e amplo, tudo o que ia fazer. E fazia, porque tinha uma excepcional técnica. Muitos pensam e não fazem. Outros fazem (mal), sem pensar.

Há muitos jogadores habilidosos, que ensaiam grandes jogadas, mas nada acontece, por falta de técnica e/ou porque não sabem os caminhos mais simples. Enrolam. Parecem talentosos, mas não são. O talento vai muito além da habilidade. O talento é a união da habilidade, da técnica, da criatividade e de condições físicas e psicológicas.

Nada disso é suficiente se não houver o sopro, a chama, que ilumina e incendeia nossas vidas.

O mesmo ocorre em todas as atividades. Assim como os melhores professores não são sempre os melhores médicos, os melhores treinadores não são sempre os que têm mais conhecimentos técnicos, táticos e informações. São os que possuem tudo isso e mais a capacidade de observar, intuir e simplificar.

Não existe também o ótimo técnico somente prático, que fala a "linguagem dos boleiros", sem ter conhecimentos científicos. A teoria sem a prática é incompleta. A prática sem a teoria é uma grosseira simplificação.

O jovem técnico do São Paulo, Sérgio Baresi, chama atenção em suas entrevistas pelo excesso de palavras e expressões técnicas, acadêmicas, algumas incompreensíveis. Além da insegurança de um jovem, tentando mostrar seus conhecimentos, Baresi, por seus gestos e palavras, parece um estudioso, um CDF, que acabou de sair, após longo tempo, de um laboratório de pesquisas.

O repórter José Ricardo Leite, da Folha de S. Paulo, mostrou, em uma ótima reportagem, que Baresi dá treinos com cinco gols, cinco goleiros, faz coletivos com mais de 22 jogadores e outros detalhes, além de distribuir pendrives e DVD’s para os jogadores conhecerem os adversários. Tudo com base científica.

Tomara que Baresi não seja apenas um teórico. O futebol precisa de treinadores e de profissionais que saibam como fazer e que saibam fazer.

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