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Johannesburgo - O nível técnico da Copa está apenas razoável. Melhorou nos últimos jogos. É mais uma Copa, muito mais ainda que as anteriores, do passe burocrático, seguro, tecnicamente correto, para o la­­do, curto, com a parte interna do pé (de chapa), com a finalidade de manter a posse de bola.

O time perde a bola, recua para seu campo e espera o outro para contra-atacar. Quem tem a bola não quer entregá-la. Toca para um lado, para o outro, até alguém errar o passe. Como o ti­­me que re­­­cupera a bola está muito recuado e só com um jogador na frente, são raros os contra-ataques.

A única seleção que marca por pressão é a Espanha. Quando a Alemanha recuperava a bola na sua intermediária, não conseguia tocá-la ou chegar à frente, porque a Espanha, em vez de recuar, co­­­mo fazem as outras seleções, pressionava o jogador da Ale­­ma­­nha que estava com a bola. A Es­­panha, como o Barcelona, foge do padrão globalizado.

Estão cada vez mais raros os passes longos, rápidos, para frente, entre os zagueiros, nos pequenos espaços, e também os passes de curva, de trivela, de rosca, em que a bola contorna o corpo do adversário para chegar ao companheiro.

O passe longo, de uma lateral a outra, também está diminuindo. Sneijder é ótimo nesses lançamentos. Felipe Melo também fez isso bem, até fazer o que melhor sabe, pisar no adversário caído no chão.

O drible de corpo, a finta, o drible em que o jogador vai para um lado e, depois, vai para o outro, o elástico, e todos os tipos de dribles são cada vez menos frequentes. O que ainda mais se vê é o atleta, na lateral do campo, jogar a bola na frente para pegá-la. É mais um lance de velocidade, de força física, que um verdadeiro drible.

No futuro, o drible vai ser tão raro, que poderá ser considerado uma falta, uma atitude antiética.

O atual momento me lembra o da Copa de 1990, quando a vitória valia dois pontos. Um time esperava o outro, e nada acontecia. O empate era bom. Os jogos eram chatos e com poucos gols. Foi a menor média de gols de todas as copas (2,21 gols por jogo). A atual é quase igual, a segunda menor (2,24). Após a Copa de 1990, a Fifa mudou a regra, e a vitória passou a valer três pontos. Isso levantou o futebol. Agora, houve uma acomodação. É preciso fazer alguma coisa.

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