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Os iniciantes no futebol, que desejam entender os detalhes técnicos, e não apenas torcer, ficam confusos com tantos nomes diferentes para posições parecidas. Para ser mais amado, o esporte precisa ser mais bem compreendido. Para muitas outras coisas, isso não é necessário. "Viver ultrapassa qualquer entendimento" (Clarice Lispector).

Discute-se muito nas mesas de bar e nos programas esportivos se um atacante é um centroavante, primeiro atacante, ou um segundo atacante. Isso é irrelevante. Alguns jogadores, como Ramires e Hernanes, são, ao mesmo tempo, marcadores, armadores e atacantes.

Washington e outros são típicos centroavantes. Atuam fixos pelo meio e estão sempre perto do gol. Isso não é vantagem; é deficiência. Nenhum atacante deveria atuar parado. Washington seria muito melhor se, além de fazer gols, não fosse lento, se movimentasse mais e desse mais passes decisivos.

Pato e outros são centroavantes especiais porque, além de fazer gols, são velozes, habilidosos e se deslocam por todo o ataque.

Da mesma forma, um segundo atacante, habilidoso, que corre muito, mas que está sempre mal colocado dentro da área ou que finaliza mal, possui uma enorme deficiência.

Os técnicos preferem ter um típico centroavante, artilheiro, que está sempre perto do gol, e outro atacante, que está sempre longe, para preparar as jogadas. Melhor é ter dois atacantes que atuem longe e perto do gol, que deem passes e que façam gols. Time que depende demais de um único jogador para fazer gols, geralmente perde o título, mesmo se for o artilheiro do campeonato.

Centroavante de referência é muito mais referência para os zagueiros que para os companheiros. Ele facilita a marcação. Muito mais importante que as características do atacante são suas virtudes e deficiências. Há atacantes bons e ruins com todos os estilos.

Quando eram jovens, os centroavantes Romário e Ronaldo partiam do meio-campo, em grande velocidade, para chegar à área e fazer o gol. Por isso e por terem extraordinário talento, foram fenomenais. Com o tempo, Romário foi, progressivamente, diminuindo seu campo de ação até ficar parado, com 40 anos, esperando a bola dentro da área para tocá-la para dentro do gol. Nos acostumamos com sua lenta decadência técnica e física.

Com Ronaldo é diferente. Por causa de graves contusões, longas ausências dos gramados e pelo grande esforço que faz, nos últimos anos, para se deslocar em campo – o tamanho de seu corpo não vai diminuir com mais perda de peso –, Ronaldo não teve nem terá a mesma involução de Romário. Só conhecemos dois Ronaldos, o fenomenal e a celebridade, que está sempre fora de forma ou fora de jogo.

Se Ronaldo desejar para valer voltar a ser um brilhante atleta, não tiver mais várias contusões e se contentar, com a compreensão dos torcedores e da imprensa, em ser apenas um artilheiro, um centroavante parado, comum, e não mais um fenômeno, ele poderá ser ainda melhor que a maioria dos centroavantes. Mesmo assim, Ronaldo terá de vencer o peso do corpo e o peso do nome.

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