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A única maneira de resolver o grave problema da altitude é ficar e treinar durante umas três semanas no local do jogo. Mas isso não explica a desorganização tática do time brasileiro contra a Colômbia.

Gilberto Silva não saiu de perto dos zagueiros, deixando Mineiro sozinho no meio-campo. Quando o Brasil recuperava a bola, errava os passes. Ronaldinho poderia ter recuado para iniciar mais de trás a armação das jogadas. Ele, Kaká e Robinho voltavam, porém não marcavam nem se aproximavam de Vágner Love.

Kaká deveria jogar mais perto do centroavante, deixando Ronaldinho mais na armação e Robinho atuando mais pelos lados.

Vágner Love continua um mistério. Na história da seleção, ele é o atacante que teve mais oportunidades, sem fazer uma única grande partida. Mas, com sua simpatia, suas belas trancinhas e seu jogo de pernas – ele é um raro atacante que usa as duas pernas para dominar a bola, driblar, passar e finalizar – Wagner Love me passa a impressão, e certamente a Dunga, que um dia vai dar certo. Não sei quando, se vai começar hoje, nunca ou quando o Sargento Garcia prender o Zorro.

Enquanto Pato não joga no Milan para convencer Dunga, prefiro me iludir e desiludir com Vágner Love a não ter nenhuma esperança em tantos outros atacantes espalhados pelo Brasil e pelo mundo.

Hoje, a seleção se reencontra com o Maracanã. Depois do fracasso no Mundial de 2006, dos pedidos justos e não compreendidos de dispensa de Kaká e Ronaldinho da Copa América, da desilusão com o mundo de negócios que se transformou o futebol, os craques brasileiros passaram a ser muito criticados pela imprensa, como se não tivessem mais prazer nem orgulho de jogar pela seleção.

Há um exagero nessas críticas. Apesar do dinheiro que corre no futebol, do compromisso dos craques com seus clubes que lhes pagam altíssimos salários, do distanciamento afetivo e geográfico dos jogadores com o torcedor brasileiro, da diminuição progressiva em todo o mundo e em todas as atividades, e não apenas no futebol, do sentimento de amor a uma nação, acho que os atletas sul-americanos gostam ainda muito mais de atuar pelas suas seleções que os europeus.

Pelo fato de os principais craques brasileiros terem jogado a maior parte de suas carreiras na Europa e estarem entre os melhores do mundo pelo que fizeram mais nos seus clubes que na seleção, eles não são tão ídolos do torcedor quanto os craques do passado, que atuaram a maior parte ou em todas as suas carreiras no Brasil.

Por essa razão e às vezes por saudosismo, os craques do passado são considerados melhores que os atuais, o que muitas vezes não é verdade.

Hoje é uma grande chance para a seleção e seus craques acabarem com o desencanto e com o luto pelo fracasso na Copa de 2006. Se o Brasil der show, o torcedor vai fazer uma grande festa. Mas se o Brasil jogar mal e/ou perder, vai ser uma decepção, muitas vaias vão ocorrer e o atual e prolongado luto poderá evoluir, como acontece na vida, para uma profunda e crônica depressão.

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