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Johannesburgo – Em meu inconsciente, em meus sonhos infantis, a África é um continente miserável, com uma multidão de pessoas e animais nas ruas, e o calor é insuportável durante todo o ano.

Não é bem assim. Está frio, quase não se vê pessoas nas áreas nobres e parece que estou em uma rica cidade americana. Em volta, há muita miséria. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da África do Sul é o 129.º do mundo, e o do Brasil, o 75.º.

Em Harare, no Zim­bábue, imaginei um aeroporto parecido com a rodoviária de uma cidade do interior do Brasil. O aeroporto é enorme e moderno. Ditadores adoram coisas grandiosas. A cidade é melhor que esperava, mas os índices do país são ainda muito piores que os da África do Sul. Parafraseando Woody Allen, quando acontecerem os jogos das fases mata-mata, tudo pode dar certo ou errado. Algumas coisas têm mais chances de darem certo, e outras de darem errado.

Tenho algumas preocupações. Kaká continua fora de forma técnica e física. Mais técnica que física. Independentemente de ele jogar bem ou não, tem grandes chances de, nos próximos anos, continuar em altíssimo nível. Mas não há certeza. Os grandes craques, por serem muito exigidos, costumam ter um esplendor de mais ou menos oito a dez anos. Depois disso, o brilho, progressivamente, se apaga.

Kaká brilhou muito durante oito anos. Suas contusões e más atuações na última temporada já não seriam consequência de uma inevitável queda? Parece que não, mas só o tempo vai dizer. De qualquer forma, isso não impede que ele e outros craques, depois de uma fase esplendorosa, tenham curtos e esporádicos momentos espetaculares.

Outra preocupação é Felipe Melo ser expulso. Segundo reportagem feita pela TV Globo, ele foi um menino irrequieto. Continua até hoje. Antes de pensar, já cometeu uma falta violenta. O impulso está muito à frente da consciência.

Muitas outras coisas podem surpreender na Copa, boas ou ruins, que vão além de nossos pretensos conhecimentos. Craques podem fracassar, e jogadores medianos, brilhar. O futebol é muito complexo. Nós é que tentamos simplificá-lo.

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