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Nem precisava, mas o futebol nos mostra diariamente como vive em outro planeta. O caso mais recente é a briga por apoios na eleição da Federação Paranaense.

A oposição, encabeçada por Ricardo Gomyde, anunciou com orgulho a presença de Delfim Peixoto, vice da CBF, em um churrasco de campanha. Não deve demorar a Marco Pólo Del Nero e José Maria Marin aparecerem. Tudo como parte de uma estratégia para mostrar que a oposição está com a CBF e Hélio Cury, não.

Do ponto de vista do futebol, faz todo o sentido. A Federação Paranaense é subordinada à CBF. Uma boa relação institucional é fundamental para que o estado não seja deixado de lado em qualquer ação de desenvolvimento do futebol brasileiro. Fora que esse alinhamento passa aos clubes a segurança de que eles não correrão o risco de ser prejudicados pela arbitragem em torneios nacionais – mesmo que, em regra, erros de arbitragem sejam mais resultado de despreparo do que de premeditação.

Mas a CBF é o "Brasil que dá certo". A mãe do 7 a 1, do Brasileirão por pontos recorridos no tapetão, das articulações políticas para aprovar a Lei de Irresponsabilidade Fiscal no Esporte, da truculenta seleção brasileira sub-20 – aquela que a CBF mandou calar a boca diante das ofensas raciais. Associar-se com essa turma depõe contra a boa intenção.

Estar com a CBF é colocar-se na vanguarda do atraso. Mas colocar-se contra ela é ficar ainda mais atrasado dentro desse atraso. Uma insanidade que só reafirma como a estrutura de poder do futebol brasileiro está errada. Em um desenho ideal, torneios de clubes seriam de responsabilidade dos próprios clubes, organizados em ligas geridas por um corpo executivo bancado pela própria liga e com o suporte de um conselho formado pelos presidentes dos clubes.

Para a CBF, ficaria cuidar da seleção brasileira e de um projeto permanente de formação e desenvolvimento para o futebol brasileiro. O primeiro ponto, exclusivo dela. O segundo, bem conversado, poderia estar sob o guarda-chuva do Ministério do Esporte.

No caso das federações estaduais, simplesmente não há o que justifique sua existência. Clubes devem cuidar de seus próprios torneios. Sejam eles profissionais ou amadores, sempre organizados em ligas. O fomento à prática do futebol na base seria missão de estado e as federações poderiam sumir do mapa sem deixar saudade.

Como o futebol prefere viver no seu mundinho, ficaremos de agora até abril vendo a eleição de uma entidade que nem deveria existir orbitando em torno de outra que precisa ser reformada com urgência.

Só no futebol para o apoio da CBF ser bom mesmo sendo ruim. E posicionar-se contra a CBF ser ruim mesmo sendo bom.

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