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Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). | Divulgação
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita).| Foto: Divulgação

A torcida paranista ainda chora o impedimento mal marcado que anulou o gol que empataria no último minuto o jogo contra o São Paulo, há duas semanas. A visão que "sobrou" ao assistente gaúcho José Javel Silveira na Vila Capanema faltou ao auxiliar uruguaio Walter Rial, que, na quarta-feira, deixou de assinalar a banheira de três argentinos no primeiro gol do Boca Juniors contra o Grêmio, na primeira partida da final da Libertadores.

Erros recorrentes que hoje provavelmente vão se repetir e gerar muita reclamação dentro e fora das quatro linhas. Segundo o médico espanhol Francisco Maruenda, tais equívocos têm uma justificativa simples (e bombástica): o olho humano não está fisiologicamente capacitado para detectar a posição de impedimento.

A constatação de Maruenda está amparada em um estudo iniciado há 16 anos e recentemente finalizado. Ele acabou de colocar a "cereja no bolo" do seu trabalho. No começo deste mês o espanhol concluiu a publicação iniciada em março de uma série de artigos na revista médica British Medical Journal, um dos mais importantes veículos de divulgação científica do mundo.

Sua conclusão é inquietante: somos fisicamente incapazes de aplicar a regra do impedimento tal qual ela é estabelecida, o que explicaria a quantidade de erros no emprego dessa lei. Para o médico, o olho humano não consegue detectar o mínimo de cinco objetos em movimento (dois jogadores da equipe que ataca, dois do time que defende e a bola) para fazer o correto julgamento tendo como referência o exato momento em que o passe é feito. Ele defende com veemência o fim da regra do impedimento ou pelo menos a sua modificação, admitindo a paralisação da partida para analisar imagens de TV.

A paulista Ana Paula Oliveira, uma das quatro assistentes brasileiras pertencentes ao quadro da Fifa, discorda de Maruenda. "A função do assistente é difícil, mas acho que, quando se está bem colocado, é possível julgar corretamente o lance", destaca. Ela tem uma resposta na ponta da língua para a diminuição dos erros dos auxiliares. "Concentração, treinamento e o segredo-chave: posicionamento, que é o que mais ajuda o assistente a acertar. Foi o que aprendi no jogo Botafogo e Figueirense", ressalta, lembrando da semifinal da Copa do Brasil, na qual sua interpretação em dois lances lhe rendeu uma suspensão (contestada por ela) de três rodadas no Campeonato Brasileiro.

O bandeira gaúcho Altemir Hausmann, também filiado à Fifa, defende o trabalho dos auxiliares reconhecendo algo inerente à natureza humana. "Todo mundo erra. O importante é descobrir o erro para tentar fazer com que ele não se repita", receita. "Estive na Copa da Alemanha como suplente e fiz mais de 400 simulações de impedimento em animações de computador e no campo. Todo assistente deveria passar por isso", sugere.

Ele ironiza a possibilidade de contar com imagens eletrônicas para julgar os lances de impedimento. "Se for para resolver erros assim, por que não criam um robô para bater pênalti?"

No meio científico também é possível encontrar quem discorde de Maruenda. De acordo com Edilson Silveira, professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Paraná, o estudo peca no sentido de menosprezar o campo de visão do bandeirinha, que, segundo ele, vai muito além do foco e deve ser melhor considerado. "Um garçom é capaz de enxergar alguém gesticulando para chamar a sua atenção mesmo sem estar focado nessa pessoa", exemplifica.

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