• Carregando...
O mecânico Stev Klassel, que trabalha no circuito sul-africano desde a inauguração, onde viu Senna correr | Albari Rosa – enviado especial/ Gazeta do Povo
O mecânico Stev Klassel, que trabalha no circuito sul-africano desde a inauguração, onde viu Senna correr| Foto: Albari Rosa – enviado especial/ Gazeta do Povo

Já se passaram 17 anos da última prova de Fórmula 1 disputada em Kyalami. E quando se chega lá, a única lembrança deste tempo glorioso, são dois quadros jogados no chão, em uma sala quase vazia da administração do circuito: uma Willians e uma Ferrari, sem identificação de tempo, mas provavelmente são ampliações de fotos tiradas entre 92 e 93, os dois últimos anos na elite do automobilismo Mundial na África do Sul.O local fica a 25 quilômetros de Johannesburgo e, aparentemente, não tem nada de diferente de qualquer outro circuito. Contudo, a história guarda para Kyalami um feito que poucos lembram. Foi lá, em 1984, que Ayrton Senna marcou o seu primeiro ponto na Fórmula 1.

Já na segunda corrida de sua carreira, o brasileiro figurou entre os seis primeiros (na época apenas esses pontuavam) com sua Toleman branca, número 19.

Era um total desconhecido, mas para quem viu a cena do final daquele Grande Prêmio pode perceber que ali surgia um grande piloto – a lenda, todos tiveram certeza, quatro etapas depois, em Mônaco, quando chegou em segundo debaixo de uma chuva torrencial, e só não venceu pois a corrida foi interrompida quando o brasileiro estava na cola de Alain Prost.

Mas após a bandeirada final de Kyalami, o brasileiro teve espasmos musculares em todo o corpo e teve que ser levado ao hospital após ser retirado do carro quase desmaiado. O motivo, a dificuldade de dirigir sem parte do bico, o que deixou o carro pesado. Depois disso, cuidar do físico virou uma obsessão do piloto.

Mas a ligação entre Senna e Kyalami se resume a lembranças de poucos. Afinal, no circuito onde hoje as melhores corridas são de motos, não há nenhuma menção para Senna e seu primeiro ponto. Tão pouco a maioria das pessoas que trabalha lá sabe disso. E boa parte de quem faz o automobilismo sul-africano nem mesmo era nascido em 1984.

"Nem tenho como lembrar disso, só nasci um ano depois", fala Brent Lindeque, o promotor do Fantastic Racing, uma competição com três provas por ano em Johannesburgo, com carros que parecem os de Fórmula 3, e que ia ser lançada naquele mesmo dia.

Talvez por isso, encontramos Steve Klaassel, 59 anos, que fazia a manutenção de alguns carros do Fantastic Racing. Mas mesmo o mecânico que faz parte da história de Kyalami ficou surpreso ao perceber que aquela corrida de 84 tinha tanta importância.

"Lembro que pelo tamanho pequeno dos pits, os carros tinham de avisar em que volta iriam parar. E que o vencedor daquela corrida foi Lauda", recorda Klaassel. De Senna, o mais perto que o mecânico chegou foi Piquet, o pole position daquela prova. "Depois eles reformaram o circuito e só nos anos 90 a Fórmula 1 voltou para cá."

Kyalami foi inaugurada em 1961, mas o que mais se lembra da pista são de seus acidentes espetaculares. O maior deles, 1977, quando o piloto Tom Pryce atropelou um fiscal que atravessava a pista. O fiscal foi despedaçado e o extintor que levava atingiu Pryce, que morreu na hora.

Mas as últimas cenas do circuito sob os holofotes é oposta. Em 1993, na última corrida disputada lá, ocorreu o maior duelo de todos os tempos. Senna, Prost e Schum­­­macher. Foi a corrida de abertura da temporada, e mesmo com um motor inferior, o brasileiro foi segundo, perdendo para Prost.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]