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Sala de controle da Copel, em Curitiba, onde trabalha Alan Aparecido da Costa,responsável pelo plantão na hora do jogo do Brasil com a Costa do Marfim, dia 20: sacrifício para o bem dos outros torcedores | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Sala de controle da Copel, em Curitiba, onde trabalha Alan Aparecido da Costa,responsável pelo plantão na hora do jogo do Brasil com a Costa do Marfim, dia 20: sacrifício para o bem dos outros torcedores| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Prevenção

Sem manutenção em dia de jogo

Para evitar falta de energia em um lance decisivo da seleção brasileira, tanto a Copel quanto a Itaipu fazem o possível para que não ocorra qualquer incidente. Nisto, a principal providência é não promover ações no dia do jogo, como conta Ana Rita.

"Não serão feitas intervenções na rede quatro horas antes dos jogos", explica a gerente da empresa paranaense. "Nosso sistema é aéreo e emergências podem acontecer. Mas estamos trabalhando para que não aconteça", explica.

Já em Itaipu, por ser binacional, não haverá manutenções preventivas tanto nos dias de jogos do Brasil como nos do Paraguai. Além disso, Torino conta que até as ações corretivas serão bem pensadas. "Na hora será avaliado o risco de se fazer ou não", afirma, exemplificando que é melhor que uma casa fique sem chuveiro até o final do jogo do que se corra o risco de desligar a residência inteira.

Plantonistas se sacrificam pela torcida alheia

Para que todo este sistema funcione corretamente, al­­guns "sortudos" terão de trabalhar durante as partidas do Brasil. No Centro de Operação da Copel, um deles é Alan Aparecido da Costa, de plantão na hora do jogo com a Cos­­ta do Marfim, no dia 20. Téc­­ni­­co de Operação de Sistema há quatro anos, ele garante que o trabalho é mais importante que a Copa. "É o horário que tem de estar mais ligado", afirma, brincando sobre a partida que vai perder. "É só a Costa do Marfim. Vamos ganhar. O Drogba está quebrado".

Na usina em Foz do Igua­­çu, a atenção estará focada nos grá­­ficos nos computadores. To­­­­rino garante que os 11 plantonistas, o "time que não vê a Copa", nem reclamam. "Quan­­tas pessoas podem dizer: estou fazendo a diferença para o país inteiro? Eles têm orgulho da importância que têm para o Brasil", garante.

Imagine. Terça-feira, 15 de ju­­nho. 15 horas. Faltam 30 minutos para a estreia da seleção brasileira na Copa da África. Uma grande correria no país para li­­gar a televisão no canal do jogo. O reflexo disso no consumo de energia no Brasil é impressionante: como se desligassem de repente três estados do Paraná ou 8,5 cidades do tamanho de Curitiba, considerando a carga elétrica no horário do jogo.

A informação é de Celso To­­ri­­no, gerente da Divisão de Ope­­ração da Usina de Itaipu. Ele ex­­plica que essa conta é baseada no comportamento da população em outros Mundiais. Mais es­­pecificamente na Copa da Ale­­manha, em 2006, quando os horários dos jogos eram muito pa­­recidos com os do torneio deste ano. "O consumo cai acentua­­damente, em 12 mil megawatts. É a produção de uma Itaipu in­­tei­­ra", garante.

No Paraná não é diferente. A gerente do Departamento de Operação do Sistema Elétrico da Copel, Ana Rita Mussi, explica que mil megawatts são economizados no estado enquanto a seleção está em campo, o que equivale a 70% de Curitiba. "Antes do jogo há uma diminuição do consumo, com as empresas reduzindo as atividades para permitirem que os empregados assistam as partidas", explica.

Porém, com o fim do primei­­ro tempo, uma outra movimen­­tação toma conta do país. Durante 15 minutos um torcedor aproveita o intervalo para abrir a geladeira atrás de uma cervejinha, outro fecha a geladeira já com a garrafa na mão, um estoura pipoca no micro-ondas, outro mexe na geladeira de novo. Com todo mundo fa­­zendo isso ao mesmo tempo, o consumo de energia vai lá em cima.

Torino explica o impacto desse processo em termos nacionais. "São 4 mil megawatts con­­su­­­­midos a mais de repente. Seria como se tivessem ligado simultaneamente todo o estado do Pa­­raná", exemplifica, o que e­­qui­­va­­leria a quase três cidades de Curi­­tiba. De acordo com Ana Ri­­ta, no território paranaense são 400 megawatts extras antes do reinício das partidas do Brasil.

Com o começo do segundo tem­­po, nova queda do consumo até o apito final. Mas basta o jogo acabar para que a maior hidrelétrica do mundo tenha de mostrar serviço, como conta Torino. "De seis a oito minutos após o fim da partida, o consumo cresce até mais que os 12 mil megawatts. Muitas empresas voltam a trabalhar e, por ser perto das 17h30, co­­meça a funcionar a iluminação pública".

Já no Paraná o acréscimo é de 1,3 mil megawatts após os 90 mi­­nutos. Segundo Ana Rita, es­­te ti­­po de previsão é necessária para que o sistema não tenha pro­­­­blemas. "Com esse comportamento simultâneo da população, a to­­mada de carga é mais brusca do que se ela fosse feita alea­­toriamente. No Centro de Ope­­ração da Copel, isso tem de ser sincroni­­zado para que possa ser atendida essa demanda de energia", explica.

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