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Com uma bola velha e latões de lixo como trave, o terreno de chão batido vira campo de pelada no Soweto, o famoso bairro negro de Johannesburgo | Alexander Joe/ AF
Com uma bola velha e latões de lixo como trave, o terreno de chão batido vira campo de pelada no Soweto, o famoso bairro negro de Johannesburgo| Foto: Alexander Joe/ AF

A Copa do Mundo nem começou, mas já virou o futebol da África do Sul de ponta cabeça. Nunca houve tanto dinheiro para se organizar competições nacionais e tocar a seleção local. Tanto que, mesmo sendo considerado tecnicamente inferior a vários outros países do continente, como organização o principal campeonato já faz jus ao nome: Premier Soccer League (PSL).

Inspirada no campeonato mais rico do mundo, o homônimo inglês, com a confirmação da sede do Mun­­dial os olhares dos patrocinadores se voltaram ao país de Nelson Mandela, Charlize Theron e J. R. R. Tol­kien. A escolha ocorreu em 2004 e, três anos depois, o futebol sul-africano sentiu o poder de ser o centro do esporte mais popular do mundo por pouco mais um mês. Con­­seguiu cerca de 40 milhões de euros em contratos pu­­blicitários que se encerram apenas depois do Mundial.

A injeção de dinheiro mudou o perfil do futebol do futebol sul-africano, considerado um dos piores pagadores do mundo. Às vésperas da Copa várias equipes se reforçaram com jogadores estrangeiros – no ano passado nove brasileiros atuaram nas competições sul-africanas, um recorde. Os clubes passaram, como acontece no Brasil, a ser criticados pelos altos salários. A diferença é que lá quem recebe mais, o atacante Sibusiso Zuma, do Mamelodi Sundowns, de Pretória, ganha o equivalente a R$ 50 mil, ou três dias de trabalho de Ronaldo no Corinthians.

Estruturalmente, as diferenças entre os dois países são ainda maiores e, aparentemente, com vantagem dos africanos. Lá, o poder é descentralizado. A Associa­ção Sul-Africana de Futebol (Safa, na sigla em inglês), que equivaleria à CBF, cuida da seleção nacional e competições amadores. Enquanto isso, desde 1996, a PSL manda nos campeonatos profissionais. É para a associação de clubes que vai cerca de 90% de toda a verba publicitária e direitos de televisão.

"Na África do Sul, como na maioria dos países, o problema sempre foi mais político e organizacional", afirma Marcos Falopa, que trabalhou como coordenador técnico da Safa entre 2003 e 2004. Hoje, ele consegue fazer um paralelo do futebol no país após a África do Sul vencer a disputa com Marrocos pela sede do Mundial.

"Não há dúvida de que a Copa já está sendo um divisor de águas."

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