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Sócrates voltou a ser internado na última segunda-feira com hemorragia no sistema digestivo | Pedro Serapio/Gazeta do Povo
Sócrates voltou a ser internado na última segunda-feira com hemorragia no sistema digestivo| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. O nome inteiro do Dr. Sócrates é tão grande quanto o futebol que ele apresentou. Em 63 jogos com a camisa da seleção brasileira ou em seis anos de Corinthians, o Magrão brilhou muito. Mesmo assim, o craque da década de 80 vê atualmente um novo doutor em futebol, mais talentoso ainda, surgir.Para Sócrates, o meia santista Paulo Henrique Ganso é melhor do que ele. Se o estilo clássico e a visão de jogo privilegiada são parecidos, o idealizador da de­­mocracia corintiana acha Ganso mais objetivo e inteligente. O camisa 8 da mítica seleção de 1982 quer a revelação da Vila Belmiro na Copa do Mundo.

"Tem de ser o Ganso e mais 22", pede o ex-jogador, referindo-se à lista dos convocados que será divulgada terça-feira. De passagem por Curitiba na sexta-feira – onde participou da mesa-redonda Futebol em Tempo de Ruptura: Democracia Corintia­­na, Seleção Brasileira e Abertura Política, promovida pelo Sesc-PR –, Sócrates atendeu a Gazeta do Povo para falar da Copa, das escolhas de Dunga e do seu jeito de ver o futebol, sempre diferente do habitual.De onde nasceu essa visão diferente que você tem do futebol?

Surgiu da minha cabeça. Vem de tudo que eu aprendi na vida, do que eu li, da mi­­nha sensibilidade e da minha visão de mundo. Não tem de onde sair isso. Não há segredo.

Como você vê a imagem do Dunga?

As pessoas são diferentes. Cada um se manifesta de acordo com a sua personalidade. Alguns podem gostar, outros não. Temos de respeitar as pessoas do jeito que elas são.

Você imagina alguma surpresa na lista que será anunciada na terça-feira?

Espero que pelo menos o Gan­­so vá. Tem de ser o Ganso e mais 22.

Acha que jogadores em má fase, como Júlio Baptista, Adria­­no e Felipe Melo, por exemplo, vão ser chamados pelo que apresentaram anteriormente na seleção?

Não sei. Isso depende da cabeça do Dunga. Eu quero convocar o Ganso, mas eu não sou o treinador da seleção. Então não adianta.

O estilo de jogo do Ganso tem sido comparado ao seu. Real­­mente há semelhanças?

Não. São só aparências. Ele é melhor do que eu.

Por que você acha isso?

Pela inteligência em campo. É um jogador que enxerga mais o jogo. Em um futebol tão pragmático como o de hoje, ele é uma exceção absolutamente fantástica.

A seleção brasileira de 1982 foi a melhor que você já viu e o me­­lhor time que você jogou?

Sem dúvida é o melhor time em que eu joguei. Não posso comparar com outras, pois essa seleção (de 1982) eu não vi jogar porque eu jogava nela.

E quais são outras seleções que você viu e te marcaram?

Tem várias fantásticas. A seleção brasileira de 1970, a holandesa de 1974, a Argentina de 1986...

O que ficou de lição daquele time de 82?

Não sei se tem alguma lição. Futebol não é nenhuma lição, é arte. Na verdade é um registro artístico de uma época, de um povo, de uma cultura. Assim como a Gioconda (Monalisa). A Gioconda dá alguma lição para a gente? Não.

Nesta época de Copa há vários jogadores fazendo comerciais. Você acha que isso influi dentro de campo?

Não. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O cara é um profissional, um personagem, e pode avalizar qualquer tipo de produto. Não tem nada a ver com o jogo dele ou com a qualidade do futebol que apresenta.

Aquele estilo que vocês mantinham na Democracia Corin­­tiana não volta mais no futebol?

Espero que volte. Sou um democrata. Espero que isso um dia possa acontecer não só no futebol especificamente, mas em um país como um todo que é o que me interessa. Para o meu povo o que vale é que o país seja democrático em todos os aspectos, principalmente no econômico e no social.

Por que você acha que hoje em dia no futebol não há um movimento como aquele?

Porque é um bando de crianças que não sabe nem quem são, quanto mais fazer política.

Que seleções você aponta como favoritas para vencer a Copa?

Em Copa do Mundo não existe favorito. É um torneiozinho vagabundo, uma feira de futebol. Algumas seleções estão em melhores condições, mas isso não quer dizer que sejam favoritas. Brasil, Argentina, Holanda e Inglaterra seriam os times hoje que disputariam o título se fosse um campeonato. Mas a Copa do Mundo não vale nada. Em um jogo não se decide nada.

Você tem algum palpite para o craque da Copa?

Craque da Copa? Não, pelo amor de Deus. Já está tão difícil achar um.

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