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David Villa (esq.) e Fernando Torres reagem ao apito final da estreia da Espanha no último dia de jogos da primeira rodada da Copa do Mundo: resultado complica a classificação da atual campeã europeia, que pode pegar o Brasil nas oitavas | Javier Soriano/ AFP
David Villa (esq.) e Fernando Torres reagem ao apito final da estreia da Espanha no último dia de jogos da primeira rodada da Copa do Mundo: resultado complica a classificação da atual campeã europeia, que pode pegar o Brasil nas oitavas| Foto: Javier Soriano/ AFP

Herói suíço nasceu em Cabo Verde

Ele é africano, nasceu em Praia, capital de Cabo Verde. Fala sete línguas e é simpático. Joga pela Suíça e derrubou a Espanha com um gol. Ele é Gelson Fernandes.

"A Espanha é uma equipe boa, os caras fizeram um bom jogo. Penso que tivemos sorte, é preciso sorte para ganhar da Espanha’’, falou ele em português ruim. "Estou contente, feliz pelo time e pelo país. Foi provavelmente o mais importante gol que fiz. Gosto da África, são muito simpáticos.’’

"Ainda não me dei conta do que aconteceu’’, disse depois, em inglês, sobre o gol.

Apesar de Fernandes atuar no meio-campo pela esquerda e de ter vencido Casillas, ele diz que a defesa é que ganhou o jogo mais uma vez.

"Jogamos bem defensivamente. A equipe teve solidariedade. Os caras [espanhóis] são fortes, têm muita qualidade. Nossa chance era defender bem para ter alguma possibilidade no segundo tempo’’, disse.

Outro herói da vitória foi o goleiro Benaglio, que manteve uma longa invencibilidade da defesa. O último gol que o país sofreu em Copas foi marcado em 1994 pela própria Espanha – a Suíça não foi aos Mundiais de 98 e 2002. Já são 484 minutos, desconsiderando acréscimos, sem levar gol em uma Copa.

"Não sei explicar isso, para nós goleiros é bom sair sem levar gol. É o trabalho do time todo. Em 2006, o time foi muito bem. E hoje foi de novo. Estou muito feliz’’, afirmou Benaglio, reserva de Zuberbühler há quatro anos.

  • Veja a ficha técnica do jogo Espanha X Suíça

A Espanha perdeu apenas duas de suas últimas 49 partidas, ambas na África do Sul, sempre diante de equipes que não estão entre as maiores potências da bola.

Já a Suíça completou, contra a principal favorita ao título, seu quinto jogo seguido de Copa sem sofrer gol. O placar de 1 a 0 a favor do time de Ottmar Hitzfeld é a primeira grande zebra do Mundial.

O resultado atinge indiretamente o grupo da seleção brasileira. Pelo emparceiramento, o primeiro da chave do Brasil encara o segundo do quadrante ibérico – e vice-versa. Logo, a derrota pode sinalizar um confronto já nas oitavas entre o 1.º (o time de Dunga) e o 2.º (de Vicente del Bosque) do ranking da Fifa.

Os espanhóis tiveram 63% de posse de bola, finalizaram o triplo do adversário (24 a 8), mas sucumbiram em jogada iniciada com um chutão do goleiro Benaglio e concluída com um chute de Gelson Fernandes, atleta de origem africana (Cabo Verde).

Sem Fernando Torres 100%, o técnico Vicente del Bosque deixou só Villa fixo no ataque, mas seu talentoso meio-campo rodava a bola e mantinha a Suíça acuada.

Mesmo assim, as chances de gol da Fúria só começaram a partir da metade da etapa inicial. O zagueiro Piqué recebeu passe magistral de Iniesta e quase marcou.

O "ferrolho suíço’’, que já não pôde usar Frei e Behrami, lesionados, perdeu na primeira etapa seu principal zagueiro, Senderos.

Trabalhando a bola de lado a lado, como o Barcelona ou um time de handebol, a Espanha tinha dificuldade para furar o bloqueio rival.

Veio o segundo tempo, e a Suíça passou a contra-atacar. Derdiyok fazia o que podia contra a defesa espanhola e levou a melhor na jogada do gol. Lem­­brando o argentino Kempes ante a Holanda na final da Copa de 1978, foi trombando após receber de Nkufo. Após choque com Ca­­sillas, viu a bola sobrar, sem goleiro, para Fernandes: 1 a 0.

A partida ficou mais aberta, especialmente após a entrada de Fernando Torres, que logo perdeu duas boas chances para marcar. Numa das jogadas individuais mais belas da Copa, Derdiyok se livrou de Piqué e Puyol na área e tocou no contrapé de Casillas. A bola bateu na trave.

Um 2 a 0 lembraria de vez a derrota espanhola para os EUA na Copa das Confederações. A Fúria até acertou o travessão, mas não evitou o primeiro revés ante a Suíça em 19 duelos. Fato inédito, não tanto quanto a Espanha sofrer em Copas e na África.

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