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Andrés Guardado é atualmente um dos jogadores principais da seleção mexicana. Há quatro anos, o mundo viu com surpresa ele ser escalado como titular no jogo contra a Argentina na Copa de 2006. Ele tinha 19 anos e causou tormento ao time de José Pekerman.

Nestes 4 anos que se seguiram, Guardado foi do Atlas do México para o Deportivo La Coruña, onde atua há 2 anos. Ele afirmou, em entrevista do Site da FIFA, que o México poderá ser a grande surpresa do torneio. Além disso, revelou detalhes da classificação mexicana, mais dramática que de costume.

Andrés, o México conseguiu se recuperar de um início irregular nas eliminatórias. Qual foi a importância do técnico Javier Aguirre para essa retomada? Ele foi fundamental. Chegou, limpou o ambiente ruim que havia na seleção, principalmente com a mídia, e formou um grupo que respondeu muito bem. Essa foi a base para a classificação, e felizmente o mesmo espírito se manteve.

O que foi exatamente que mudou dentro do grupo?O que ele mais nos pediu foi que cada um usasse a sua qualidade em prol da equipe. Que não nos sentíssemos superiores às seleções da América Central por sermos o México. Colocou os nossos pés no chão e deixou muito claro que uma derrota a mais significaria ficar fora da Copa do Mundo.

Você chegou a temer pela desclassificação do México?Houve um momento em que sim, quando perdemos em Honduras. Acho que ali todos nós tememos. Achávamos que não teria saída, mas a injeção de ânimo do Javier foi fundamental, apesar de termos perdido na estreia dele contra El Salvador.

Qual foi exatamente o problema com o técnico anterior, Sven-Göran Eriksson?Ele não teve o melhor entendimento com os jogadores dentro do grupo. Não conhecia muito bem o futebol mexicano, o que o prejudicou muito. Às vezes, usava jogadores em posições com as quais eles não estavam acostumados. Talvez se tivesse mais tempo poderia ter acertado, mas eram necessários resultados imediatos e ele não os conseguiu.

Para você, qual foi o momento da virada?A partida contra a Costa Rica em San José (o México ganhou por 3 a 0). Sabíamos que era vida ou morte, tínhamos de ganhar de qualquer jeito. Foi o único jogo que comecei no banco, mas mesmo assim não fiquei desanimado porque o técnico nos explicou bem o que ele queria. A partida também foi um teste para mim, para moderar a minha personalidade. Mas sou um jogador comprometido e profissional. Acho que o Aguirre gostou da minha resposta no banco, e depois voltei a ser titular.

Qual é a sua opinião sobre os adversários do México na África do Sul 2010?O grupo vai ser complicado. Historicamente o anfitrião sempre chega longe, sem falar na França, que tem jogadores do nível de Gourcuff, Ribéry e Gallas. E os uruguaios chegam sempre de forma discreta, mas são duríssimos. Na verdade o que mais estou esperando é poder jogar a partida de abertura. O mundo inteiro vai estar de olho em nós. Qualquer outro país gostaria de ter essa oportunidade.

Embora muita gente no mundo todo não saiba, há uma pressão imensa sempre que a seleção mexicana entra em campo. Isso chega a afetar os jogadores?Sim, é claro que chega. A gente tenta se concentrar só no trabalho e se esquecer de tudo, mas é obvio que o país para quando a seleção joga. Muitas vezes quem está fora não entende o nível de fanatismo que há entre os mexicanos. As cidades morrem, todas as televisões estão no jogo do México, até os apresentadores de programas que nem são esportivos vestem a camiseta. Todo mundo nos julga. E é claro que isso se transforma em pressão sobre nós. O nosso papel é tirar isso da cabeça e jogar com o máximo de tranquilidade.

Até onde esta seleção pode chegar?Não gostaria de colocar um limite. O futebol está cheio de surpresas. Hoje em dia talvez ninguém imagine que a gente possa passar de fase ou chegar às quartas, mas acreditamos que podemos ser a grande revelação da Copa do Mundo.

Você já teve a experiência da Alemanha 2006. Quais são as suas lembranças daquele torneio?Em primeiro lugar, a surpresa com a minha convocação. Quando o Ricardo La Volpe me convocou, quase não acreditei, porque fazia menos de um ano que era profissional. Acho que é por coisas assim que o chamam de El Loco (risos). Primeiro por me levar e depois por me colocar de titular contra a Argentina, levando em conta que eu tinha sido "banco do banco" durante todo o Mundial. Mas ele achou que eu tinha as qualidades necessárias e me deixou muito claro o que queria. Acho que dentro do possível dei conta do recado.

O seu rosto se ilumina quando você fala do La Volpe. Qual foi a importância dele para a sua carreira?Ele virou um ídolo meu quando foi técnico do Atlas, a minha equipe favorita. Depois, na seleção, foi realmente impactante. Aprendi muito com ele. Uma vez estávamos treinando e ele me disse: "Não sei se em 2006 você será um fenômeno, mas em 2010 tenho certeza, e graças a mim, porque fui eu que lhe ensinei a jogar". E ele tinha razão. Não tiro o crédito de quem me formou desde pequeno, mas sem dúvida ele foi o técnico que mais me marcou como profissional.

Em toda a história, esta é a seleção mexicana que tem mais jogadores que atuam no futebol europeu. Você acha que isso será uma vantagem?Sem dúvida. Se hoje jogamos contra Espanha, Brasil ou Inglaterra e comparamos homem a homem, estamos mais ou menos nas mesmas equipes. Além disso, já conhecemos os jogadores adversários porque já os enfrentamos antes. Estamos tratando de nivelar o terreno com as grandes potências, e jogar na Europa é um passo importante.

O que você acha que falta para que o México seja considerado um país de primeiro mundo em termos de futebol?Antes criticavam o jogador mexicano dizendo que era medíocre por não querer ir à Europa, mas agora são os dirigentes que aumentam os nossos preços e não nos deixam sair. Neste momento as equipes de primeiro nível do México não têm como pagar 20 milhões de euros por um jogador, e é preciso entender que a melhor maneira de os mexicanos progredirem é atuando nos melhores clubes do mundo contra os melhores jogadores do mundo.

A África do Sul será um trampolim para que o México dê um grande salto?Sim, porque o nosso futebol está cada vez mais conhecido. Antes ninguém sabia nada de nós, e agora toda hora chega um treinador e me pergunta sobre os jogadores do nosso campeonato. Espero que o nosso país possa confirmar esse progresso na Copa do Mundo.

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