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Jayme Leonel, do polo de bonés de Apucarana: “Se o Brasil for mal na Copa, o  estoque de bonés vai encalhar.” | Sérgio Rodrigo
Jayme Leonel, do polo de bonés de Apucarana: “Se o Brasil for mal na Copa, o estoque de bonés vai encalhar.”| Foto: Sérgio Rodrigo

Hexa deve valer ao Brasil mais investimentos em infraestrutura

Um bom empurrão para as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 pode estar na conquista do hexa esse ano na África do Sul. Para o economista Fernan­do Abarche, ex-professor da Fun­da­­ção Getúlio Vargas (FGV) e atual­mente pesquisador na área de Inteligência de Mercado do Ins­ti­­­tuto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), entre os investidores que o título pode trazer estão exatamente empresas de infraestrutura. "Para o mercado, é muito interessante uma empresa que associe seu nome com a imagem do país campeão e que vai realizar a próxima edição do evento", comenta.

E as vantagens da conquista na África podem se refletir ainda mais em 2014. Como exemplo, Arbache cita o turismo. "Esse vai ser um dos setores que mais se privilegiará se o Brasil for campeão esse ano, porque o interesse sobre o país vai crescer muito, o que é excelente para quem organiza um evento desse porte", diz o economista.

Mas tudo isso só vai ocorrer, enfatiza Arbache, se o governo e as empresas investirem em publicidade nos outros países. "Se soubermos aproveitar o bom momento da seleção, as possibilidades de bons negócios são grandes".

O mesmo vale para o comércio. O presidente da Associação do Vestuário de Apucarana, Jayme Leonel, acredita que as vendas possam melhorar ao longo dos quatro anos se o Brasil vencer a próxima copa. "O fato de a próxima Copa ser aqui já tem ajudado a despertar o interesse das pessoas em comprarem coisas relacionadas às cores do país. E deve ajudar ainda mais se vencermos na África", confia Leonel.

Não apenas os afi cionados por futebol estarão de olho na seleção brasileira a partir de 11 de junho. Empresários e economistas também estarão atentos à campanha do Brasil na Copa. Afinal, dependendo do desempenho nos gramados sul-africanos, a economia brasileira poderá colher boas cifras ou amargar prejuízos após o Mundial.Ainda não há um cálculo exato de quanto a conquista do sexto título mundial pode representar para a economia. Entretanto, o montante de aproximadamente R$ 30 bilhões injetado no país logo após a conquista do penta em 2002 dá a ideia de quanto um bom desempenho do time Dun­­ga poderá refletir no mercado nacional. Principalmente em re­­lação a investimentos do exterior.

Fernando Abarche, ex-professor da Fundação Getúlio Var­­gas (FGV) e atualmente pesquisador na área de Inteligência de Mercado do Instituto Tecno­­ló­­gico de Aeronáutica (ITA), explica que a conquista do hexa pode ser o grande chamariz pa­­ra a vinda de investimentos de fundos internacionais. In­­clu­­sive para serem aplicados em in­­fraestrutura da Copa seguinte, que será disputada no Brasil.

"Nossa exposição positiva nos outros países é pequena. E conquistar a Copa traz um benefício direto em marketing, o que ajuda muito a despertar o interesse de fundos internacionais, que hoje não têm muitas opções de onde investir", avalia o economista.

Em termos de mercado interno, Arbache avalia que a contribuição de uma boa campanha na Copa é relativamente pequena. "Há um crescimento temporal nas vendas de certos produtos, como tevês, mas nada a longo e médio prazo, que realmente impacte", explica o economista. Mesmo assim, dizem os empresários, o momento é para aproveitar.

Só o polo produtor de bonés em Apucarana, no Norte do estado, espera aumentar a produção em 25% para atender a demanda gerada pelo Mundial. A expectativa é chegar a 7,5 milhões de unidades por mês até julho, com possibilidade de uma produção extra, caso o Brasil vença a Copa. "Em compensação, se o Brasil for mal, vamos ficar com o estoque todo encalhado, tendo que vender depois abaixo do preço de produção", enfatiza Jayme Leo­­nel, presidente do Sindicato do Vestuário de Apuca­­rana, dando uma demonstração do grau de dependência do setor com o desempenho da seleção.

No setor de supermercados, o resultado geral não chega a ser expressivo no período. De acordo com a Associação Paranaense de Supermercados (Apras), o impacto das vendas relativas ao torneio de seleções fica em torno de 3%. Entretanto, afirma o presidente da Apras, Pedro Joanir Zonta, a procura por alguns produtos específicos cresce consideravelmente durante a competição.

Um exemplo, cita Zonta, é a venda de cerveja. A estimativa é de que o comércio da bebida aumente em torno de 20% nos supermercados durante a Copa do Mundo. "Para nós isso é muito interessante, porque normalmente o mês de junho é justamente quando começa a cair a venda de cerveja por causa do frio", explica o presidente da Apras.

Mercado da bola

Para o consultor Oliver Seitz, membro do Núcleo da Indústria do Futebol da Universidade de Liverpool (Inglaterra), a conquista do hexa valorizaria ainda mais os jogadores brasileiros. O que não é necessariamente bom. "O jogador brasileiro já está inflacionado, inclusive no mercado interno. Tanto que temos visto a contratação de atletas ar­­gentinos e colombianos para o futebol nacional por causa disso: eles são mais baratos", argumenta.

A única parte a realmente lu­­crar com o título na África do Sul, aponta Seitz, é a própria Con­­federação Brasileira de Fu­­tebol (CBF). "O Brasil já está in­­do para a África com o recorde de patrocinadores (dez). Com o hexa, mais grupos, inclusive internacionais, podem querer associar sua marca à seleção", avalia o consultor.

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