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Vencemos a primeira! Pode não ter sido um jo­­gão, mas, graças a Deus, acabou – se de­­morasse mais um pouco, arriscava os coreanos empatarem. Dos grandes favoritos, só a Alemanha ganhou sem aperto. Numa Copa em que até a Nova Zelândia joga como se o mundo estivesse acabando (a ponto de empatar uma partida aos 47 e meio do segundo tempo), a vantagem dos alemães não é desprezível.

Mas a batalha contra a Co­­reia do Norte começou bem antes de o húngaro Viktor Kassai apitar o início da partida. Era um confronto no campo do pensamento.

Lembra do que falou o atacante norte-coreano Jong Tae-Se na única entrevista coletiva que o time deu antes do jogo de ontem? Foi na terça-feira da semana passada, e ele falou assim: "Temos condições de surpreender, podemos vencer o Brasil. Somos um coração valente".

Quem viu o jogo deve ter percebido que os coreanos eram realmente valentes. E Jong, a quem costumam chamar de "o Rooney asiático", é o astro do time. Não foi ele quem fez o gol, mas não dá para negar que o cara jogou com o coração. Foi bonita a cena dele chorando na hora do hino. Quem diria que a Coreia do Norte, aquela terra que o mundo só conhece pela ditadura excêntrica de Kim Jong-Il, poderia ser tão querida para alguém?

A meu ver, o resultado de on­­tem deveria provar para ambos os times que pensamento positivo não ganha jogo. Os coreanos bem que tentaram, mas não deu – a qualidade do esquadrão não foi suficiente, mesmo com todo o esforço físico e emocional empregado.

Já para os brasileiros... Bom, para esses um pouco da garra demonstrada pelos coreanos cairia muito bem. Não basta pensar em ganhar, é preciso chacoalhar a rede do adversário.

O técnico Dunga costuma apelar para gurus de autoajuda para motivar o time, uma estratégia meio duvidosa. Quem assistiu o Fantástico no domingo deve ter visto trechos de um bate-papo entre Dunga e o psiquiatra Au­­­gusto Cury, autor de uma dúzia de livros de autoajuda que se tornaram best-sellers. A certa altura, Cury soltou uma frase impressionante pelo acúmulo de lugares-comuns em tão poucas palavras. ‘’Parabéns, Dunga!", ele disse. "Você encara cada ser humano como uma estrela viva no teatro da existência.’’

Felizmente, é preciso mais do que pensamento positivo. Por­­que, se tivéssemos de depender de parolagens como essa, estaríamos perdidos. Dunga, meu caro, tira as estrelas do teatro e bota pra jogar...

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