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Torcedor entra em desespero com a derrota de virada para a Holanda, que adiou o sonho do hexa por pelo menos mais quatro anos: corneta serviu de desabafo depois do jogo | Daniel Derevecki/ Gazeta do Povo
Torcedor entra em desespero com a derrota de virada para a Holanda, que adiou o sonho do hexa por pelo menos mais quatro anos: corneta serviu de desabafo depois do jogo| Foto: Daniel Derevecki/ Gazeta do Povo

Para quem passou pela Rua XV durante os jogos do Brasil na Copa do Mundo, tal fenômeno parecia absolutamente impossível de um dia acontecer. Mas... Às 12h50 de Curitiba, o árbitro japonês Yuichi Nishimura apitou o fim da partida lá na África do Sul, e o centro da ca­­pital experimentou um silêncio estranho. O vuvuzelaço paranaense, por alguns minutos, se calou.

Porém, tantas eram as cornetas – a grande sensação dos torcedores no Mundial, para a alegria e o desespero de muitos – que não de­­morou para o barulho ensurdecedor retornar. No entanto, agora o sopro era de tristeza pela desclassificação da seleção brasileira, derrotada pela Holanda por 2 a 1.

"É uma decepção muito grande. E parece que ela aumenta quan­­do estamos em uma torcida grande. Fico muito triste com tudo isso, temos é de pensar na próxima Copa", disse a podóloga Maria José Penteado, de terno verde e por baixo uma camiseta com a bandeira do Brasil.

Pior para quem, além da frustração do insucesso, ficou no prejuízo. Cheio de bandeiras na mão, o vendedor Luís Gabriel Sanchez não se conteve e chorou. "Pois é, agora não vou vender mais. Mas tudo bem, vou torcer para o Pa­­ra­­guai, pois o meu pai é paraguaio."

Como nos outros quatro compromissos da seleção, a XV recebeu grande público. A aglomeração se intensificava a partir do Palácio Ave­­nida até o telão gigante instalado de costas para a Praça Osório. A imensa maioria era de jovens. Tam­­­­bém se via muita bebida alcoólica, em especial, o popular "tu­­bão" (mistura de refrigerante com cachaça)– que serviu de combustível para confusões pós-jogo.

Cerca de 20 pessoas foram presas em decorrência de brigas, se­­gundo a PM. Tentativa de invasões de estações-tubo na região central e de depredação de um ônibus na Praça Rui Barbosa completaram o cardápio do vandalismo.

Nos minutos finais da partida, com a iminência do revés, a tensão era quase palpável, pairava acima das milhares de cabeças voltadas para as imagens do Estádio Nelson Man­­dela Bay. Lucas Torres foi um que quase arrancou os cabelos. Ce­­nário bem diferente da etapa inicial, quando a sensação era de passagem tranquila para a semifinal.

"Foi muito tenso. Tentamos ainda o empate, tivemos algumas chances, mas não deu. O Kaká e o Robinho correram atrás, mas o futebol é assim. O Dunga também não colaborou", afirmou o administrador de empresas. E foi mesmo o técnico da equipe nacional o vilão preferido da galera.

"Esse Dunga é um lixo, uma por­­­­caria. Não conseguiu fazer o time jogar. O Brasil estava muito bem e depois do intervalo voltou sem jogar nada. Acho que ele é o principal culpado. Podemos até perder, mas do jeito que foi hoje [ontem], não dá", opina a vendedora Kátia Freitas.

Finalizada a participação do Brasil veio o mo­­­mento de voltar ao trabalho na tarde de sexta-feira. "O duro é isso, perder e ainda ter de retornar para o serviço", confessou o ajudante José Macedo Antunes.

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