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O bordão "sou brasileiro e não desisto nunca" ganhou uma pequena variação nesta quinta-feira, quando o atacante Dimitris Salpingidis, da Grécia, anotou o gol de empate da sua seleção contra a Nigéria, pela segunda rodada do Grupo B da Copa do Mundo de 2010. O gol, o primeiro da Grécia na história dos Mundiais, tem um significado especial para o jogador.

Nascido em 18 de agosto de 1981 em Tessalônica, última cidade a resistir aos ataques do Império Otomano no século XIII, e que teve de ser totalmente reconstruída após um incêndio gigantesco em 1917, Salpingidis parece ter a capacidade de não se deixar abater e a buscar seus objetivos sempre. Em 2006, quando o PAOK (abreviatura de Panthessalonikeios Athlitikos Omilos Konstantinoupoliton), afundado em dívidas, decidiu abrir negociações para verder o seu melhor atacante a quem fizesse a melhor proposta. Ironicamente, dos três grandes clubes gregos (AEK, Panathinaikos e Olympiakos), a melhor oferta veio justamente do arquirrival Olympiakos. Com profundas ligações com o PAOK, Salpingidis simplesmente negou-se a ir para o Olympiakos. Após longas e difíceis negociações, o atacante finalmente acertou contrato com Panathinaikos, na terceira maior transação da história do futebol grego.

Outro exemplo da persistência de Salpingidis é sua trajetória na seleção grega comandada pelo alemão Otto Rehhagel. Um dos titulares indiscutíveis do time nas Eliminatórias europeias, o atacante foi surpreendentemente sacado do time justamente na estreia na Copa do Mundo de 2010, contra a Coreia do Sul, sendo substituído por Samaras. A mudança desagradou a imprensa e, evidentemente, o próprio Salpingidis, que aceitou a reserva sem fazer reclamações públicas.

A derrota para os sul-coreanos e a necessidade da vitória contra a Nigéria fez com que Rehhagel reconsiderasse sua posição e trouxesse Salpingidis de volta ao comando de ataque do time, justa e ironicamente no lugar do próprio Samaras. Os nigerianos venciam a partida até os 43 minutos do primeiro tempo, quando, com um chute de fora da área, ele fez o que nenhum grego havia feito: o sonhado gol em Copas do Mundo.

Os gregos, que têm presença cativa nas Olimpíadas por serem seus inventores, participam apenas de sua segunda Copa do Mundo. Na primeira, nos Estados Unidos, em 1994, eles sofreram três derrotas em três jogos, com 10 gols contra e nenhum a favor. O gol diante da Nigéria foi o quinto de Salpingidis pela Grécia em 38 jogos. Apesar dos números tímidos pela seleção, Salpingidis é um jogador de destaque no futebol grego, tendo sido eleito o melhor jogador grego em 2008 e 2009. Agora, após ser sacado do time titular e conseguido recuperar sua posição para entrar para a história, o cidadão de Tessalônica pode dizer, no melhor estilo brasileiro: "eu sou grego, e não desisto nunca".

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