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Aos 30 anos, Kleberson volta a ser cotado à seleção brasileira. Em 2002, foi campeão e destaque. Na Alemanha 2006, viu o Mundial pela televisão. Agora, entrou para o time de pupilos de Dunga | Vipcomm
Aos 30 anos, Kleberson volta a ser cotado à seleção brasileira. Em 2002, foi campeão e destaque. Na Alemanha 2006, viu o Mundial pela televisão. Agora, entrou para o time de pupilos de Dunga| Foto: Vipcomm

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Há oito anos, Kleberson pôs PR no mapa

Napoleão de Almeida

A convocação de Kleberson para o Mundial de 2002 colocou o futebol paranaense – e em especial o Atlético – em outro patamar. Até então, nenhum atleta nascido no Paraná e defendendo um clube local havia disputado um Mundial. A coroação com o penta só não foi perfeita porque na decisão contra a Alemanha, o "Xaropinho" acertou uma bola no travessão de Oliver Kahn.

Para o ex-presidente atleticano Mário Celso Petraglia, o Furacão lucrou muito com o desempenho do meia: "Foi muito bom. O Kleberson era jogador do Atlético e ainda ficou mais um ano conosco. Um valor agregado muito grande na nossa marca, o que depois foi ratificado pela venda para o Manchester United". À época, Petraglia justificou a venda do meia com uma frase que entrou para a história: "Depois que ele bebeu daquela água, fica impossível segurá-lo mais". O atleta foi vendido por 6 milhões de libras, o que equivale a mais de R$ 20 milhões.

O meia também sentiu que colaborou para o crescimento nacional do Furacão. "Jogava por um clube que estava crescendo e ter um campeão mundial no grupo valorizou o Atlético e também me valorizou. Todos ganharam".

Ele, porém, lembra-se que teve de vencer a desconfiança nacional em um jogador atuante fora do eixo: "Muito se falava que foi só pelos méritos do título Brasileiro em 2001. Falavam que na Copa eu não ia jogar, ia só completar grupo. As coisas não foram bem assim. Briguei pelo meu espaço, acabei ganhando respeito e fui campeão mundial como titular."

Companheiro de Kléberson naquele Atlético campeão brasileiro de 2001, o atacante Alex Mineiro também chegou a ser cogitado para a aseleção, mas acabou não sendo convocado. Para ele, o momento atual do futebol paranaense não permite que os jogadores que hoje atuam por aqui sonhem em repetir o feito do Xaropinho. "Quando se está em primeiro tem uma exposição maior dos atletas. Este é um dos motivos para se buscar sempre estar entre os cabeças do Brasileiro", diz o ídolo rubro-negro.

O paranaense Kleberson, se feita uma fria análise dos últimos quatro anos, jamais poderia so­­nhar com a Copa do Mundo da África do Sul. Mas, apesar de atravessar uma fase claudicante durante toda gestão Dunga à frente da seleção brasileira, o meia está otimista. E tem motivos para isso.

Desde meados de 2009, quando ressurgiu para o futebol mundial ao ser convocado para substituir Anderson na lista dos relacionados à disputa da Copa das Confederações, o jogador revelado pelo Atlético, hoje no Flamengo, parece gozar da simpatia do treinador da CBF.

Nesta sexta-feira, após um primeiro contato com o sogro do camisa 15 flamenguista, Marcos, a Ga­­zeta do Povo entrevistou o pentacampeão mundial (2002, Coreia do Sul e Japão) após ponte feita pela assessoria de imprensa do jogador. Em­­bora, por enquanto, não tenha certeza alguma de ter seu nome relacionado na lista de convocados que vai à Copa da África do Sul (Dunga divulga a relação na terça-feira), Kleberson não esconde a confiança.

Convocado três vezes desde o ano passado (atuou em dois jo­­gos na Copa das Confede­­ra­­ções, e nos amistosos contra a Estônia e Irlanda), ele acredita que conseguiu mostrar ao "chefe" o que pode oferecer para a seleção. "Só me resta esperar. Estou tranquilo, feliz e à disposição", disse. Com a bola rolando, Kleber­­son conseguiu algo a mais que o respeito de Dunga.

No jogo contra a Estônia, dia 12 de agosto do ano passado, o meia sofreu uma luxação no ombro e desfalcou o Flamengo – campeão brasileiro daquele ano – durante o restante da competição. O treinador teria então feito uma promessa ao jogador: lembraria dele, caso ele se recuperasse a tempo. A parte que lhe competia, Kle­­berson fez (foi destaque no triunfo do Flamengo diante do Corin­­thians, quarta-feira, pela Liber­­tadores).

O meia refuta esse "acordo de cavalheiros". "Não vejo uma convocação como recompensa. Se eu for convocado será pela minha competência, pelo meu trabalho e por tudo que eu fiz na seleção com o Dunga. É isso que vai me levar para a seleção", explicou.

"Não acredito que exista uma pré-lista. Nem acho que os jogos recentes terão influência. Ele vai chamar os jogadores com base num trabalho de quatro anos", complementou.

A "panelinha" de Dunga reforça a ansiedade e expectativa do meia – que desde o título de 2002 não conseguiu bons resultados no Man­­ches­­ter United e Besiktas (Turquia). O comandante nacional tem se mostrado firme em suas convicções e costuma apos­­tar em jogadores que estão consigo. Isso afasta a possibilidade de surpresas e faz crescer a ex­­pectativa de Kleberson figurar entre os convocados.

Aos 30 anos, a revelação de Uraí (cidade próxima a Lon­­dri­­na) se considera um jogador maduro. Ele acredita que, sem modéstia, a seleção tem muito a ganhar com sua presença. "Acho que minha experiência, por eu ter sido campeão em 2002, vale muito. Dou-me bem e tenho boa relação com todos os jogadores, ajudando sempre que preciso. Pau para toda obra mesmo", disse.

O jogador deve acompanhar a divulgação dos convocados em casa, no Rio de Janeiro. "Se não tiver treino, vou ver a di­­vulgação dos nomes com mi­­nha fa­­mília, com as crianças: o Kle­­binho [Kleberson filho], de seis anos, e a Daphne, de dois", fe­­chou.

Além de Kleberson, o estado ainda pode contar com Nilmar, do Villarreal (Espanha), natural de Bandeirantes.

Lembrança dos tempos de Atlético

Apegado à família, Kleberson mantém suas raízes. "O Atlético é um clube que eu carrego comigo para onde eu for. Sei que um dia vou voltar para ai e poder jogar pelo Atlético novamente. É até uma forma de agradecer tudo que o clube me proporcionou. Tenho família e casa na cidade", revelou.

Falando em Atlético, o jogador confirmou o interesse que o clube teve há algumas semanas, mas negou qualquer avanço nas conversas. "Foi uma sondagenzinha, nada de formal. Sei do carinho que todos aí tem por mim e fico muito feliz com isso".

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