• Carregando...
Dunga sorri em meio a várias Jabulanis durante o treinamento dos reservas da seleção brasileira: sem futebol vistoso, time é destaque nas estatísticas da Fifa | Valterci Santos/ Gazeta do Povo – enviado especial
Dunga sorri em meio a várias Jabulanis durante o treinamento dos reservas da seleção brasileira: sem futebol vistoso, time é destaque nas estatísticas da Fifa| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo – enviado especial

Tímida alegria

A estreia pouco inspiradora da seleção brasileira gerou desconfiança em parte dos torce­­dores. Uma prova disso pôde ser notada ontem pelo site da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). As manifestações até então quase que 100% positivas, sempre enaltecendo os jogadores e o técnico Dunga, dividiam espaço com mensagens de um tom mais crítico. Em Johannesburgo, a festa também foi tímida. Apenas um pe­­queno grupo de torcedores bra­­sileiros foi ao treino, no Randburg High School. Eles levaram um cartaz dando os parabéns e uma Bandeira do Brasil, mas ficaram do lado de fora.

O desempenho das 32 seleções na primeira rodada da Copa ratifica um dos principais pilares de sustentação do discurso do técnico Dunga. Para ele "os números provam" que o seu time tem eficiência e equilíbrio.

Esquecendo a ausência do show e a baixa qualidade do futebol apresentado nos 2 a 1 sobre a Coreia do Norte, o Brasil foi a equipe que teve mais destaque nos jogos de abertura do Mundial. Pelo menos nas estatísticas.

Segundo levantamento da Fifa, considerando a estreia de cada time, a seleção brasileira foi a que mais chutou a gol, a que mais teve posse de bola (empatada com a derrotada Espanha) e a que produziu o maior índice de aproveitamento nos passes.

O sucesso do estilo Dunga de jogar bola rendeu três gols – um do adversário –, mas os pentacampeões mundiais ficaram longe de elevar a média de gols do torneio. Sem uma artilharia pesada verde e amarela, o que se viu foi o vexame da pior média de bolas na rede da história das Copas em uma primeira rodada – 1,56 gol por partida.

No entanto, como para o sistemático capitão do tetra o que vale é somente o resultado, a seleção ignora o desastre ofensivo generalizado.

Por mais que o adversário dos canarinhos tenha sido a frágil e recuada Coreia do Norte, a frieza da matemática já anima e dá mais motivos para a comissão técnica prosseguir o método pragmático de trabalho.

Outros favoritos que enfrentaram rivais não muito mais potentes do que os norte-coreanos (Inglaterra pegou os EUA; Argentina, a Nigéria, por exemplo), não conseguiram o mesmo aproveitamento estatístico que o do Brasil.

Mesmo vencendo com um magro 2 a 1, a liderança nas finalizações é da seleção brasileira. Foram 26 arremates – a contagem da Fifa inclui qualquer tentativa de chute a gol, mesmo as que não tomam a direção da meta ou que alguém bloqueia no meio do caminho. Neste quesito, destaque para Robinho, que arriscou seis vezes. Até a Alema­­nha, que fez 4 a 0 na Austrália, chutou só 16 vezes à meta rival.

Nos passes, a constante troca de toques curtos de lado a lado para tentar furar o bloqueio asiático garantiu 82,9% de acerto. Responsáveis pela saída da bola da defesa para o ataque, os volantes Felipe Melo e Gilberto Silva foram os mais precisos dos comandados de Dunga com 91% de aproveitamento.

Por fim, diante de um oponente que apenas tentava o contragolpe, os canarinhos mantiveram o domínio da Jabulani por 63% do período de jogo. Marca igualada ontem pelos espanhóis, mas com menor eficiência, já que a Fúria perdeu para a Suíça por 1 a 0.

Apesar de o treinador dizer que sempre quer "mais e mais", independentemente do apresentado nos gramados sul-africanos, enquanto os números avalizarem seu trabalho, Dunga nunca vai aceitar as críticas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]