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Um dos nomes mais contestados da lista brasileira, Felipe Melo revela admiração pelo técnico Dunga | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Um dos nomes mais contestados da lista brasileira, Felipe Melo revela admiração pelo técnico Dunga| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

Um dos nomes mais contestados da lista de Dunga, o volante Felipe Melo adota um tom crítico a essa polêmica. Considera-se um injustiçado pela mídia. Também faz questão de elogiar Dunga, a quem se refere como um paizão e se mostra incapaz de apontar um defeito. Em entrevista via e-mail, o jogador revelou um pouco da personalidade que cativou o treinador da seleção brasileira – mesmo sem ocupar posição de destaque atualmente na Juventus.

Por ter ido para a Europa muito jovem, muita gente sequer sabia quem era Felipe Melo da primeira vez que você foi convocado. Você acha que já conseguiu o seu espaço com o torcedor?

Ainda não, mas aos poucos vou conquistar. Na verdade, eu já era bem conhecido no Rio, pois fiquei marcado pela torcida do Flamengo com o gol contra o Inter, que salvou o time do rebaixamento, em 2001. No Cruzeiro, onde conquistei a tríplice coroa, entrava em quase todos os jogos. Fui o camisa 12 do Luxemburgo, mas para grande parte dos torcedores, eu era mesmo desconhecido.

Ainda assim, muitos no Brasil contestam seu nome. Como você lida com isso?

Eu aprendi a lidar. Sabe o que acontece? Boa parte da im­­prensa critica sem ter dados ou argumentos. Se o cara não vai com a sua cara, ele critica. Se ele já jogou na seleção, principalmente se for na posição que o jogador ocupa hoje, critica ainda mais. Aí o torcedor escuta aquilo e, simplesmente, leva adiante numa roda de amigos. E assim vai se formando a opinião. Muitos não sabem, mas eu atuei em 16 partidas pela seleção e tenho um empate e 15 vitórias. Os números são muito bons, assim como foram na Fiorentina, quando despertei a atenção do Dunga.

Como você acha que pode ser útil ao Brasil nesta Copa?

É claro que com o tempo, com a confiança, o jogador vai ganhando espaço e crescendo na seleção. Acho que posso contribuir muito com a saída de bola. Como eu co­­mecei atuando na posição de meia de ligação no Flamengo, Cruzeiro e Grêmio, o meu passe é bom. O volante não aparece muito. No jogo contra a Itália, quando fiz minha estreia pela seleção, mais de 80% das saídas de bola passaram pelos meus pés. Alguns passes curtos, outros longos, mas se o passe chegar redondo e rápido nos pés dos meias de ligação, a jogada sai mais rápida e o atacante se beneficia. Tudo é uma sequência, mas os torcedores não se atentam muito para isso.

Normalmente os jogadores encontram na seleção sistemas táticos diferentes dos seus clubes de origem. Essa adaptação é difícil? Como fica o entrosamento?

Isso nem sempre acontece. Acho que na seleção a adaptação é mais fácil do que ter de fazer a mesma coisa quando mudamos de clube. O grupo tem uma qualidade im­­pressionante e os jogadores se ajudam.

Do grupo atual, com quem você tem mais afinidade? Como faz para criar uma sintonia com os companheiros da equipe?

Me dou muito bem com todos, mas o Gilberto Silva e o Lúcio me aju­­daram bastante. Me orientaram muito no primeiro jogo pelo Brasil. Como ali era a minha única oportunidade, pois minha convocação foi muito contestada, eu ne­­cessitava manter a tranquilidade para mostrar que não estava ali por acaso e eles foram fundamentais.

Como vive na Europa, presume-se que você conheça boa parte dos jogadores que estarão na Copa. Entre as seleções, quem é a principal rival do Brasil?

Pois é...Difícil, viu! O futebol europeu é muito forte, mas a Argentina também vem forte. Acredito que as tradicionais seleções vão brigar pelo título. Brasil, Portugal, Ale-manha, Espanha, Inglaterra, Argentina, França e Itália. Vai ser um mundial disputadíssimo.

Na tua opinião, quem é candidato a craque do Mundial?

Gosto muito do futebol do Fernan­­do Torres, mas em um mundial a chance de sair como craque vale para jogadores de todas as posições.

Quando se elege uma estrela de seleção, normalmente o cara é meia ou atacante. Os volantes, fundamentais para qualquer equipe, ficam meio esquecidos. Como os volantes levam essa história? Numa boa?

Os volantes têm papel fundamental, ainda mais na seleção, que joga, na maioria das vezes, contra jogadores de qualidade. No último amistoso da seleção, por exemplo, contra a Irlanda, vi um comentarista brasileiro falar na tevê que apenas um jogador da fraca Irlanda atuava na Primeira Divisão [de algum país europeu]. Será que o cara não se informa antes? Os irlandeses têm se destacado no futebol europeu. Bom, o fato é que eu roubei a bola do primeiro gol e entreguei ao Kaká e no segundo gol, salvo engano, foi o Gilberto [Silva] quem roubou e iniciou outro contra-ataque. Nin-guém se lembra disso, mas o treinador sim. Quero ser campeão do mundo ajudando. Se puder contribuir com gols, melhor ainda. Como é trabalhar com o Dunga? Cite quantas qualidades e defeitos dele?

Defeito? Claro que todos nós somos imperfeitos. Perfeito, só Deus. O Dunga me convocou quando todos não queriam, me manteve no time após aquele empate na altitude de Quito quando todos queriam a minha saída. Então, no jogo contra o Peru, fui um dos melhores em campo e marquei um gol de muita raça. O Dunga tem sido um paizão para mim e tenho de brigar muito dentro de campo pelo povo brasileiro e por ele e o Jorginho também. Nem me atrevo a procurar defeito nele.

Como você se lembra dele como jogador?

Um líder. O Dunga merecia mais respeito por tudo o que fez pelo Brasil. Se saímos da fila em Copas [com o título de 1994, nos Estados Unidos], ele contribuiu muito, dentro e fora de campo.

Analisando o grupo do Brasil na Copa, imagina-se que Portugal seja o grande adversário, ou Cos­­ta do Marfim tem potencial para incomodar ainda mais?

Dois adversários dificílimos.

Deixe um recado para seus fãs brasileiros, especialmente para os paranaenses.

Obrigado pelo carinho. Tenho re­­cebido muitas mensagens de apoio no twitter, no meu site e, como não dá para responder a todos, aproveito para agradecer parte desse carinho. O torcedor paranaense tem sido fundamental nessa atmosfera positiva. Vamos levar tudo isso com a gente para a Copa. A torcida paranaense tem o importante papel de representar o resto da torcida brasileira nessa nossa despedida para a África.

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