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Cinegrafista escala parede para conseguir um bom ângulo para cobrir a chegada da seleção. Precariedade marca o trabalho | Vanderlei Almeida/ AFP
Cinegrafista escala parede para conseguir um bom ângulo para cobrir a chegada da seleção. Precariedade marca o trabalho| Foto: Vanderlei Almeida/ AFP

Exceção

Só Nilmar fala na chegada

O atacante paranaense Nilmar foi o único jogador da seleção brasileira a não driblar a imprensa na chegada a Curitiba. Vindo de Londrina (estava com a família em Bandeirantes) o avante desembarcou no Aeroporto Afonso Pena por volta das 8 h da manhã.

Como preferiu não esperar o ônibus da CBF, que só apareceu perto das 10 h, Nilmar passou normalmente pelo terminal de desembarque e não conseguiu escapar das entrevistas. O jogador do Villareal defendeu as escolhas do técnico Dunga.

"Em época de Copa do Mundo, sempre tem alguns jogadores que as pessoas gostam mais e outros que elas gostam menos. Mas nos últimos anos os resultados mostram que o Dunga está levando quem ele confia. Agora, temos de demonstrar dentro de campo que o técnico fez o certo", afirmou.

Em dez jogos com a camisa amarela, Nilmar marcou oito gols.

A ótima média de 0,8 gol por partida foi fundamental para o atacante garantir vaga no Mundial da África do Sul. Apesar de não estar cotado para ser titular (Robinho e Luís Fabiano devem formar o ataque), o paranaense de Bandeirantes está com moral.

  • Brigada Verde e Amarela - Dois torcedores foram ao aeroporto com a faixa de uma torcida inusitada. A Brigada Verde e Amarela tem o objetivo de torcer só pela seleção. Fundada há um ano e meio, a torcida conta com repre­sentantes em todo o país.
  • Saravá, Dunga! - O sobrenatural marcou presença ontem no CT do Caju. O folclórico pai de santo Chik Jeitoso tratou de dar uma forcinha para que a seleção vá bem na África, deixando um despacho com velas e a foto de cada um dos 23 jogadores em frente ao CT. Para o despacho ficar completo, faltou a foto de Dunga...
  • Magrela - O agente de trânsito Marcelo de Santana Pinto apareceu com uma bicicleta incrementada ontem no CT do Caju, toda decorada com temas da Copa do Mundo. O investimento para a magrela ficar no clima do Mundial foi de aproximadamente R$ 1 mil.
  • Pedala, PernaLonga - Assim que chegou ao hall de desembarque do Aeroporto Afonso Pena, o jardineiro Rodrigo Menezes chamou a atenção pelas passadas estranhas. Conforme o próprio explicou mais tarde, não eram passos, eram pedaladas.
  • Vidro fumê - A frustração em não ver os jogadores foi tanta, que sobrou até para o ônibus. Tudo porque nem da janela do veículo a torcida pôde ver os jogadores.

O CT do Caju passou com facilidade pelo primeiro teste com a seleção brasileira. Não adiantou se empoleirar no muro, ou mesmo ser um jornalista credenciado. Ontem, após a chegada dos convocados por Dunga no centro de treinamentos, nenhum jogador foi incomodado.

O oba-oba tão temido pela CBF ocorreu como imaginado. Mas ao contrário de Weggis – vilarejo suíço onde o Brasil fez preparação semelhante na véspera do Mundial da Alemanha –, dessa vez a confusão ficou concentrada apenas do lado de fora dos muros da propriedade atleticana.

Aglomerados na pequena Rua Lupionópolis, no Sítio Cercado, cen­­tenas de jornalistas se misturavam a torcedores, curiosos e ambulantes.

A maioria dos atletas chegou num ônibus com vidros fumês, intransponíveis aos olhos dos torcedores e da mídia. Até a esperada entrevista coletiva seguiu os mesmos moldes: só tinha o médico José Luís Runco e o preparador físico Pau­­lo Paixão. O único atleta visto no local foi Michel Bastos, que já estava em Curitiba. Perdido, en­­trou pela porta de imprensa, por volta das 9 horas, quase como um desconhecido.

"Em 9 anos de CBF, posso dizer que esta é uma nova filosofia. Fo­­mos muito criticados pelo que ocorreu em Weggis e a partir de ago­­­­­ra será assim", afirmou o diretor de comunicação da CBF, Rodri­­go Paiva.

Na Suíça, não adiantou apenas escolher uma cidadezinha de 4 mil habitantes para obter sossego. Em 2006, a chegada da seleção causou uma invasão de torcedores, curiosos e jornalistas. A administração da cidade registrou nada menos do que 12 mil visitantes no período. Além disso, 900 jornalistas cobriram o time. O refúgio brasileiro virou uma festa, com direito a venda de ingressos para treinos e invasão de gramado no trabalho dos jogadores.

No Sítio Cercado, a movimentação também é grande, mas nem se compara aos números acima. Co­­mo Dunga avisou com antecedência que iria trancafiar seus atletas, os únicos torcedores que an­­dam em volta do CT são os moradores do bairro. E os jornalistas, com a limitação de repórteres por veículo, caíram pela metade. Estão credenciados 439 profissionais. Des­­tes, pouquíssimos são estrangeiros: 30.

O número, no entanto, é bem maior do que o local comporta. Lá dentro, para quem obtém a credencial do dia, que é liberada apenas para dois profissionais por veí­­culo, uma sala provisória foi montada para a realização de en­­tre­­vis­­tas, com escassas bancadas de trabalho. Do lado de fora, é pior. Ape­­­­nas uma pequeníssima tenda co­­berta, com algumas mesas de plás­­­­tico, contrastam com as 15 uni­­dades móveis de televisão, pron­­tas para a transmissão ao vivo.

Teoricamente, este deverá ser o último grande desafio de Dunga para resguardar a seleção brasileira. No período da Copa do Mundo os torcedores são praticamente banidos e o número de jornalistas credenciados diminui bastante. Na África do Sul, por exemplo, será ainda menor do que na Alemanha. Há quatro anos, a Fifa credenciou um total de 21 mil profissionais. Agora, apenas 15 mil, 28,5% a menos.

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