• Carregando...

Nos arredores de Johannesburgo, onde descansa ao lado da família Luiz Felipe Scolari não gostou do disse que disse que envolveu seu nome após a eliminação da seleção brasileira do Mundial da África do Sul e a consequente demissão de Dunga. Com seu jeitão curto e grosso, o pentacampeão do mundo deu a receita de como o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, deve agir caso deseje mesmo contratá-lo. "Terão de negociar com o Palmeiras. Não vou romper meu contrato. Se o clube me liberar, tudo bem", afirmou Felipão a alguns amigos, na última sexta-feira (9).

A princípio, fica a impressão de que Teixeira precisa de um gesto simples para definir o novo comandante da seleção brasileira. Mas a realidade não é bem assim. A relação entre CBF e Palmeiras esfriou em abril, durante a disputa pela presidência do Clube dos 13. Na oportunidade, o presidente alviverde, Luiz Gonzaga Belluzzo, não aceitou os galanteios de Teixeira, que buscava votos para Kléber Leite, e votou em Fábio Koff, desafeto declarado da cúpula da CBF.

ALTOS E BAIXOS - A relação entre Teixeira e Felipão também nunca foi das mais próximas. O temperamento forte de ambos, reforçado pelo fato de Scolari não ser adepto de manuais de conduta, provocou incompatibilidade de gênios. A vitoriosa campanha na Copa do Mundo de 2002 facilitou o convívio na época.

No entanto, algumas rusgas permanecem. Isso ficou claro na África do Sul. Felipão foi convidado para o evento de lançamento da logomarca da Copa do Mundo do Brasil, realizado na quinta-feira, em Johannesburgo, com a presença de celebridades, entre elas os presidentes da Fifa, Joseph Blatter, e da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Scolari decidiu não ir. E, para ter um álibi e não sofrer pressão para comparecer ao evento, resolveu viajar com a família por cidades próximas. A ideia é voltar neste sábado à tarde ou no domingo pela manhã a Johannesburgo, onde comentará a final da Copa para um canal de TV sul-africano.

EXCLUSIVIDADE - Também desagradou a Felipão na última semana o fato de Teixeira ter deixado vazar para a imprensa que o salário do treinador no Palmeiras (R$ 700 mil) seria o dobro do que a CBF pagava para Dunga e de ter exigido exclusividade do treinador logo no início do trabalho. Scolari entende que não haveria problema em dividir atenções quatro anos antes da Copa. Além disso, a CBF já abriu precedente com Vanderlei Luxemburgo, que em 1998 acumulou a função no Corinthians e na seleção brasileira.

Felipão também ouviu de pessoas próximas que Teixeira estaria se sentindo pressionado pela opinião pública para contratá-lo. "Tivemos acesso a algumas pesquisas que mostram que a preferência dos torcedores pelo Felipe oscila entre 46% e 48%", revelou à Agência Estado um dos principais interlocutores de Scolari no Brasil. "É difícil para qualquer um não atender a esse apelo público. Criaria um desgaste de imagem muito forte."

A alternativa encontrada pela direção da CBF para evitar o confronto com a torcida, já impaciente depois da frustrante passagem da seleção pela África do Sul, seria criar empecilhos para o acerto com Felipão. A exigência de exclusividade é um deles.

AGENDA - Scolari se apresenta ao Palmeiras no dia 15. Seu auxiliar técnico e homem de confiança, Flávio Teixeira, já trabalha na Academia de Futebol, onde prepara o terreno para a chegada do treinador.

Dirigentes ligados à presidência que estiveram nas tribunas do Palestra Itália durante o amistoso da última sexta-feira, contra o Boca Juniors, asseguraram que toda a montagem do grupo de jogadores para o segundo semestre é comandada por Scolari. Por isso, consideram improvável que a diretoria libere o treinador para assinar com a CBF. A reportagem da Agência Estado procurou neste sábado Belluzzo e o vice-presidente de futebol do Palmeiras, Gilberto Cipullo, para comentar a possibilidade de liberar Scolari. Nenhum deles respondeu às ligações.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]