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Crianças sobem no  muro do CT na esperança de ver algum ídolo: sem chance | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Crianças sobem no muro do CT na esperança de ver algum ídolo: sem chance| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Vizinhança

Tão perto; tão longe

Os moradores vizinhos ao Centro de Treinamentos do Caju, no bairro Sítio Cercado, viveram um dia de contradição ontem. Sob um ponto de vista, a alegria de saber que a seleção brasileira estava logo ali, do outro lado da Rua Lupionópolis, pertinho de suas casas. Sob outro, a tristeza de não poder ver nenhum jogador.

A dona de casa Zeli do Espírito Santo Barbosa, de 36 anos, festejava o fato de o Brasil estar só há três quadras da sua casa. Mas com ressalvas. "Eles poderiam liberar pelo menos 30 minutos para tirarmos fotos. É decepcionante saber que estão aqui pertinho, no nosso bairro, e a gente não pode vê-los", lamentou.

Para o estudante Luís Fernando Pereira, de 14 anos, a vinda da seleção para o CT do Caju trouxe notoriedade ao bairro. "Geralmente vocês da imprensa só vêm aqui por causa de notícia ruim. Agora que vêm por uma coisa boa, o Dunga não deixa ninguém ver a seleção", disse o adolescente, que saiu direto da escola para tentar ver o treino da equipe nacional. "Estou há duas horas pendurado nesse muro e até agora não vi nada", afirmava, por volta das 14 horas.

A consultora Nanci Antonia Hamilko, também moradora do bairro, a 17 km do Centro de Curitiba, acredita que a equipe poderia se beneficiar se o técnico liberasse o contato com o povo. "Poderia ter um tempinho só para a torcida ver os jogadores. Com o nosso apoio, acho até que eles ficariam ainda mais empolgados para a Copa", considera.

Apesar da situação, o operador de máquinas Juarez Domingues Barbosa, de 46 anos, resumiu o sentimento dos moradores vizinhos ao CT do Caju. "Mesmo sem ver os jogadores, é um orgulho saber que eles vão sair daqui do nosso bairro para tentar conquistar mais uma Copa do Mundo", enfatizou.

  • Yuri e o filho Kawan saíram decepcionados do Aeroporto Afonso Pena

No Aeroporto Afonso Pena ou nas cercanias do CT do Caju, o sentimento do torcedor curitibano foi o mesmo ontem: frustração por não poder ver os jogadores da seleção, que chegaram para cinco dias de preparação antes do embarque para a disputa do Mundial da África do Sul.

Em São José dos Pinhais, torcedores se aglomeraram durante toda a manhã à espera da equipe de Dunga. Mas assim que desceram do avião, por volta de 9h40, os jogadores ficaram alguns minutos em uma sala reservada. Até entrarem no ônibus da CBF com destino ao Centro de Trei-namentos do Atlético.

Só tiveram sorte os torcedores que chegaram mais cedo ao Afonso Pena e puderam ver o atacante Nilmar, do espanhol Villareal. Ele chegou sozinho, por volta das 8 horas, e foi o único a passar pelo hall de desembarque.

No CT do Caju, um descuido do lateral Michel Bastos também permitiu um contato rápido com a torcida. Por volta de 9h30, o jogador do Lyon, da França – que já defendeu o dono da casa Atlético –, chegou em seu próprio carro. Em vez de entrar pelo portão principal, ele acabou passando pelo acesso onde estavam a torcida e os jornalistas.

Além destes poucos bem-aventurados, nenhum outro torcedor chegou perto do time nacional.

O metalúrgico Yuri Silva, de 33 anos, foi direto do trabalho para o aeroporto tentar ver algum jogador. Funcionário de uma montadora de carros em São José dos Pinhais, Silva, que trabalha no terceiro turno da fábrica, saiu às 6 horas da empresa e só deu uma passada rápida em casa para tomar café e buscar o filho Kawan, de 12 anos, que vestia a camisa do Brasil.

"Falei para a minha mulher que era meu filho que queria ver a seleção, mas na verdade quem queria mesmo era eu", contou o metalúrgico. Ele teve de se contentar apenas com a foto do ônibus da CBF.

A advogada Thaís Cesca, de 25 anos, veio de Guarapuava, nos Campos Gerais, para participar de um congresso de Direito Constitucional. Ela cabulou as palestras na tentativa de ver de perto o ídolo Luís Fabiano. Aca­bou saindo sem nenhum autógrafo na camisa do Brasil que levou para os jogadores assinarem. "Pelo menos deu para me divertir e ver que o povo já está bem empolgado para a Copa", disse.

A decepção continuou no bairro Sítio Cercado. O auxiliar de serviços Reginaldo Anderson Oenning, de 33 anos, saiu do trabalho por volta das 11 horas e foi direto para o CT do Furacão. Lá, conseguiu a muito custo um espaço em meio a vários outros torcedores pendurados no muro. "Estou indo embora um pouco decepcionado. Mas já deu para sentir como vai ser em 2014. Se em apenas cinco dias de treino veio tanta gente, imagina quando a Copa for aqui em Curitiba", comparou.

Já o gerente de supermercado Marcos Oliveira foi um pouco mais rude ao externar sua decepção. "Se era para fazer assim, tudo fechado, que fossem direto para a África do Sul. Nem precisavam ter vindo aqui", desabafou o torcedor.

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