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O técnico Dunga durante a entrevista coletiva da seleção brasileira em Johannesburgo, sede da equipe pentacampeã na Copa do Mundo da África do Sul | Albari Rosa/Gazeta do Povo – enviado especial
O técnico Dunga durante a entrevista coletiva da seleção brasileira em Johannesburgo, sede da equipe pentacampeã na Copa do Mundo da África do Sul| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo – enviado especial

Johannesburgo - Mesmo blindada bem mais do que em outras Copas, a seleção bra­­sileira não foge a velhas técnicas para motivar os jogadores na África do Sul. Logo na saída do voo que partiu de Brasília e demorou quase nove horas para chegar ao país da Copa (entre quarta e quin­­ta-feira), um emocionante vídeo foi mostrado ao time.

Com autorização da comissão técnica, a empresa aérea TAM – uma das dez patrocinadoras da CBF – colheu depoimentos de torcedores apelando pelo hexa. Frases de apoio e boa sorte também estavam na fuselagem do avião que, antes da capital federal, havia partido de Curitiba.

A edição mostrava fãs com os mais diversos sotaques narrando o nome de todos os 23 convocados. Pequenos meninos humildes que jogam bola sem tênis e sem camisa em todas as partes do território brasileiro se esforçavam para acertar os nomes dos ídolos.

Outros participantes, mais apaixonados ainda, narravam histórias de sofrimento pela possibilidade de torcida no continente africano. Um deles, que não aparentava ter mais de 25 anos e vestia uma camisa amarela versão 2006, chorou ao explicar que estava "trabalhando sem parar e gastando cada centavo que tinha para estar na África do Sul e torcer pela seleção no Mundial".

As reações dos atletas eram quase sempre de aplausos e vibrações a cada personagem mostrado. Até mesmo o lateral-direito Ci­­cinho, do São Paulo, apareceu nas imagens desejando o título aos colegas de profissão.

A estratégia de "chamar" a torcida a intervir não é inédita na se­­leção. A comissão técnica de Dun­­ga está apenas remodelando o que Luiz Felipe Scolari realizou em 2002. Na época, durante a Co­­pa da Ásia, Felipão mexeu com o time antes do decisivo jogo com a Inglaterra pelas quartas de final.

Como os jogos eram de madrugada no Brasil, bastou apresentar edições dos torcedores levantando fora de hora para ver os jogos e as comemorações nas ruas a cada vitória para inflar o plantel.

Oito anos depois, o trabalho de autoajuda começou em várias frentes – Cafu, Márcio Santos, Félix, Edu (antigos campeões do mundo) visitaram o centro de trei­­namentos do Atlético na se­­mana passada, posaram para foto com os jogadores e passaram um discurso otimista) –e não de­­ve parar durante a competição. Apesar de não haver um motivador profissional contratado, o técnico assume o papel.

"Sem dúvida que a motivação maior é estar aqui, numa Copa do Mundo, defendendo a seleção brasileira. O sonho de estar na seleção tem de ser maior do que qualquer outra coisa", disse o treinador, mantendo o seu discurso "patriótico" das últimas entrevistas.

Oito horas após o desembarque na África, Dunga já estava posicionado para a primeira co­­letiva dele desde que a seleção se apresentou para o Mundial. No avião, com 38 jornalistas viajando algumas poltronas atrás do estafe da CBF, o técnico nem deu as caras. Nenhum atleta saiu da primeira classe e nenhum profissional da imprensa pôde de­­sembarcar antes que a delegação saísse.

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