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A Copa do Mundo da África do Sul tem seus excluídos. O país tem sérios problemas de geração e distribuição de energia. Além disso, os sinais de rádio e televisão não cobrem todo o território. Por isso, cerca de 66 mil famílias de quatro vilarejos da província de Limpopo, que fica ao norte, perto das fronteiras com Moçambique e Botsuana, não poderão ver o mundial. Um dos lemas da Copa é "Feel it, it's here" (Sinta, é aqui). Porém, para os moradores Mafarafara, Mahlatsi, Taung and Thokomane a Copa do Mundo não pode ser vista. Muito menos sentida.

O jornal The Times, de Johannesburgo, relata que os povoados estão no sopé das montanhas Makwali and Pakaneng, que impossibilitam a passagem das ondas de rádio. E mesmo se os sinais chegassem à região, ainda faltaria a eletricidade.

"Conversamos com a SABC (South African Broadcasting Company, rede pública de televisão que detém os direitos de transmissão para a África do Sul para TV aberta) e com a Sentech (empresa que transmite o sinal). Vamos ver se alguma coisa acontece", afirma Simon Malepeng, prefeito de Great Tubatse, município onde estão os povados.

Malapeng diz ter achado uma medida paliativa: ele arranjou uma sala de exibição pública para os jogos. O problema é que a solução não serve de consolo para os moradores dos vilarejos: o local escolhido é Moroke, até onde o sinal de TV chega. Essa cidade fica 150 km distante dos quatro povoados. As pessoas de Mafarafara, Mahlatsi, Taung and Thokomane não têm como viajar.

O porta-voz da SABC explica que recentemente foram instalados retransmissores para cobrir as áreas mais inóspitas. No entanto, orçamento não permite a cobertura para todas as comunidades. Quem mora um pouco mais longe das montanhas, ainda poderá acompanhar os jogos pela Thobela FM, rádio que pertence ao grupo da SABC. Não é o caso de Lawrence Mdluli, 19 anos, fã de futebol e dos Bafana Bafana, a seleção sul-africana. "Eu amo muito o futebol e adoraria acompanhar a Copa do Mundo, mas não sei o que vou fazer".

Ele diz que sua família até tentaria juntar dinheiro para comprar um aparelho de televisão se houvesse energia em sua casa. "No nosso município, há cerca de 27 mil famílias que não tem acesso à energia elétrica. Não temos licença para expandir a rede, pois a maior parte da capacidade está direcionada para as minas (de diamante) da região", resigna-se o prefeito.

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