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Só mesmo na África do Sul para uma zebra com listras vermelhas e brancas dar as caras. Só mesmo com muita insistência para ela ser abatida. A Espanha sofreu como nunca para superar o Paraguai por 1 a 0, com um gol chorado do artilheiro David Villa, neste sábado, no estádio Ellis Park, em Johannesburgo, e cravar presença nas semifinais da Copa do Mundo.

O gol saiu na parte final de um segundo tempo emocionante, com pênaltis marcados, anulados e ignorados. O Paraguai, guerreiro, está eliminado. A Fúria pega a Alemanha na quarta-feira, às 15h30 (de Brasília) em Durban. Quem vencer estará no Soccer City, no dia 11, para decidir o título contra o ganhador de Holanda e Uruguai.

Com o gol, David Villa assumiu a artilharia da Copa 2010, com cinco. E chegou a 43 com a camisa da Espanha, a apenas um do recordista (Raúl). Mas foi complicado. O Paraguai, forte na defesa, vendeu com juros a classificação aos espanhois. Agora, a equipe de Vicente del Bosque tem pela frente um repeteco da final da Eurocopa de 2008, quando deu Espanha, com gol de Fernando Torres, apagado no Mundial.

Com o resultado, a Espanha de 2010, no mínimo, igualou o melhor resultado do país na história das Copas: o quarto lugar obtido no Mundial de 50. O Paraguai deixa o continente africano honrado com a a inédita participação nas quartas de final.

Paraguai amarra a Espanha no primeiro tempo

Xavi recebeu pelo meio, perto da área, deu um toquezinho na bola com a perna direita e já girou para mandar de canhota, sem deixá-la cair, em um lance com a plasticidade típica da Espanha. A bola saiu por pouco. Mas não esteve na beleza do lance seu real simbolismo. A grande questão é que ele aconteceu aos 28 minutos do período inicial. E foi o primeiro chute da Fúria na direção do gol paraguaio.

Até ali, a Fúria girou de um lado para o outro sem ir a lugar algum. É bem verdade que a campeã da Europa já viveu dias mais criativos do que na Copa 2010, mas o que complicou mesmo foi a organização defensiva do Paraguai. O técnico Gerardo Martino fez seis modificações para o duelo com a Espanha. Na defesa, no meio-campo e no ataque. A ideia, nenhuma surpresa, era dar ainda maior compactação a um time que foi a campo tendo sofrido apenas um gol em quatro jogos. Do trio ofensivo, só sobrou Valdés. Roque Santa Cruz e Lucas Barrios foram para o banco.

O curioso é que a força defensiva do Paraguai teve efeito duplo: primeiro, claro, barrou o talento espanhol; segundo, deu tranquilidade para os sul-americanos arriscarem uma ou outra escapulida ao ataque. Na frieza dos números, deu mais Paraguai do que Espanha no primeiro tempo. Os dois times arremataram quatro vez a gol. Mas a única bola que foi na meta, foi do time guarani.

Jonathan Santana, logo com um minuto, recebeu pelo meio e mandou a gol. Casillas pegou. Riveros, aos oito, cabeceou para fora. Alcaraz, aos 20, teria marcado se tivesse dois centímetros a mais. Santana, aos 34, viveu situação igual. Faltou muito pouco para alcançar a bola em cruzamento de Morel. Valdez, aos 45, recebeu de Cardozo e mandou chute cruzado, para fora. Pouco antes, aos 41, o atacante havia marcado, mas o lance foi anulado por impedimento de Cardozo bem observado pela arbitragem.

A Espanha teve o controle da bola, como costuma fazer, mas faltou infiltração. Fernando Torres começou bem e terminou mal três jogadas. Villa e Xavi não tiveram o brilho de outros jogos. E a Fúria ouviu o apito final do primeiro tempo com o sentimento de que havia algo de errado por ali.

O destino em dois (ou três, ou quatro) pênaltis

O conceito de loucura no futebol foi criado especificamente para o segundo tempo do jogo entre Espanha e Paraguai. Contam-se nos dedos de uma só mão as partidas de Copa do Mundo com acontecimentos tão estranhos quanto os da etapa final no Ellis Park. E tudo resumido em dois pênaltis. Ou em três. Ou, melhor ainda, em quatro!

O primeiro foi a favor do Paraguai. Piqué derrubou Cardozo na área aos 13 minutos. Depois das reclamações da Fúria, o próprio camisa 7, autor do último gol na disputa por penalidades máximas contra o Japão, nas oitavas de final, partiu para o tiro. E deu Casillas. O goleiro se adiantou, caiu no canto esquerdo e abafou o sonho paraguaio.

Após a defesa, a Espanha partiu para o ataque e deu o troco na mesma moeda. A diferença é que o pênalti de Alcaraz em Villa foi um tanto forçado pelo atacante, que o árbitro guatemalteco Carlos Batrez apontou. A revolta, desta vez, foi dos paraguaios. Choro em vão. Lá foi Xabi Alonso para a cobrança: bem batido, no canto, sem chances para o goleiro. O problema é que houve invasão espanhola à área. O juiz mandou a cobrança ser repetida.

Lá foi Xabi Alonso de novo para a segunda cobrança, que ali já virou terceira. E desta vez deu Villar. O goleiro caiu no canto esquerdo, espalmou a bola e, um segundo depois, atingiu as pernas de Fábregas. Pênalti claro! Melhor: pênalti em uma cobrança de pênalti! E o juizão mandou seguir...

Aí foi a vez de os espanhois quase arrancarem os cabelos – os seus e os dos árbitros. Quando o lance foi repetido no telão, os reservas quase invadiram o campo, irados. E o jogo, com quatro pênaltis, dois perdidos, um anulado e um ignorado, seguia no 0 a 0.

Virou jogão. O Paraguai pareceu sentir que era possível vencer a Espanha. A Fúria não engoliu o(s) pênalti(s) perdido(s). A partida ficou mais aberta, com arrancadas de lado a lado, com possibilidades que invariavelmente acabavam frustradas no fim. O que era morno no primeiro tempo virou fervura no segundo.

E quente mesmo é David Villa, artilheiro, oportunista, matador. Iniesta fez fila na entrada da área e mandou para Pedro, que arrematou na trave. Na sequência, foi a vez de Villa. A bola beijou (de novo!) a trave esquerda, rolou por cima da linha, tocou na trave esquerda, na direita e entrou.

Fúria enfurecida, fera ferida! A Espanha entrou em êxtase com o gol depois de tanto sofrimento.

O jogo continuou quente. Aos 43, Casillas salvou novamente a Espanha. Após soltar um chute de Lucas Barrios, o goleiro salvou com o pé esquerdo uma bomba à queima-roupa de Lucas Barrios. Na sequência, Villar defendeu conclusão de Villar.

E segurou o adversário até o apito final de um dos jogos mais malucos - e emocinantes - que uma Copa do Mundo já viu. Confira como foi a transmissão interativa do jogo:

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