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Luciano Ducci, prefeito de Curitiba, Mario Petraglia, do Atlético, e Beto Richa, governador (de cima para baixo): triangulação pela Copa | Fotos: Priscila Forone/ Gazeta do Povo; Albari Rosa/ Gazeta do Povo; Ricardo Almeida/ Agência Estado
Luciano Ducci, prefeito de Curitiba, Mario Petraglia, do Atlético, e Beto Richa, governador (de cima para baixo): triangulação pela Copa| Foto: Fotos: Priscila Forone/ Gazeta do Povo; Albari Rosa/ Gazeta do Povo; Ricardo Almeida/ Agência Estado

Palácio Iguaçu vai manter meia-entrada

Euclides Lucas Garcia

O governo do Paraná vai manter o direito à meia-entrada para os quatro jogos da Copa do Mundo de 2014 em Curitiba. No começo do mês, a presidente Dilma Rousseff (PT) vetou da Lei Geral da Copa o artigo exigido pela Fifa que previa que qualquer lei estadual ou municipal a respeito de ingressos estaria suspensa durante o Mundial. Com isso, a entida­de terá de negociar o assunto diretamente com cada uma das 12 cidades-sede. O Executivo paranaense, porém, já adiantou que não irá alterar a legislação em vigor.

O texto da Lei Geral da Copa aprovado pelo Congresso suspendia a meia-entrada para os jogos do Mundial. Dilma, no entanto, eliminou esse trecho da lei sob o argumento de que a medida seria algo contrário à Constituição. "Ademais, lei federal que suspenda gratuidades e descontos previstos em normas de Estados e Mu­­nicípios pode representar violação ao pacto federativo", justificou a presidente em Diário Oficial.

Como a Fifa estima que a liberação da meia-entrada pode gerar um prejuízo de até US$ 100 milhões, ainda resta à entidade tentar convencer os estados a aprovarem leis locais revogando o benefício durante o Mundial. A assessoria do governo do Paraná, entretanto, garantiu que nada será feito nesse sentido. Atualmente, têm direito à meia-entrada no estado menores de 12 anos, idosos com mais de 60 anos, estudan­­tes, professores e doadores de sangue.

Mesmo com essa sinaliza­­ção do Executivo estadual, já existe na Assembleia Legislativa uma movimentação para que seja aprovado um projeto de lei que explicite no texto a manutenção do benefício durante a Copa. "O país não pode retro­­ceder nessa conquista, nesse direito que já está assegurado", defendeu o deputado Leonaldo Paranhos (PSC), que preside a Comissão de Defesa do Consumidor.

A engenharia

Pelo convênio firmado entre o governo do Paraná, a prefeitura de Curitiba e o Atlético, cada um dos três participantes tem a obrigação de bancar um terço das intervenções na Arena – pouco mais de R$ 61 milhões, totalizando os R$ 184 milhões do orçamento final. Sem poder colocar dinheiro vivo na propriedade privada, o Executivo municipal usou os papéis imobiliários como solução para entregar ao clube o montante prometido pelas duas instituições públicas. Em troca, o estado encaminharia seu um terço à prefeitura, que o investiria em obras de mobilidade urbana na capital paranaense.

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A prefeitura age certo ao se antecipar ao Legislativo e elevar o valor do potencial construtivo que será repassado ao Atlético?

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O poder público decidiu aumentar o rigor e as cobranças em torno da engenharia financeira que permitirá a reforma da Arena da Baixada para a Copa de 2014. O governo estadual encaminhou à Assembleia Legislativa projeto que visa ampliar os juros e diminuir o prazo para que o Atlético, dono do estádio, pague o empréstimo feito junto ao Palácio Iguaçu.

Já vereadores de Curitiba se reúnem hoje com integrantes da prefeitura para "entenderem melhor" a engenharia financeira em torno do evento da Fifa na capital paranaense. A iniciativa vem depois de o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TC-PR) pedir mais transparência no processo.

Ontem, o governador Be­­to Richa (PSDB) enviou ao Le­­gislativo proposta de alte­­ração na lei (nº. 8.371 de de­­zem­­bro de 2010) que autoriza o governo a financiar obras do Mundial por meio do Fun­­do de Desenvolvimento Econômico (FDE).

O anteprojeto, apresentado em regime de urgência, prevê mudanças nas taxas de juros, que passariam a ser de pelo menos 1,9% ao mês (hoje definida pela Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP), e nas multas por inadimplência nas parcelas, que antes eram de 2% e passariam a ter valor estabelecido pelos contratos do BNDES. O prazo do financiamento também deve ser alterado caso a mudança seja aprovada pelos deputados. Pelo texto original, o período total para pagamento é de 20 anos – a sugestão é de redução para 15, com os mesmos três anos de carência estabelecidos anteriormente.

Paralelamente ao projeto estadual, vereadores que integram a comissão do Mundial se reúnem hoje, às 15 horas, na Câmara Mu­­nicipal, com o secretário municipal para Assuntos da Copa, Luiz de Carvalho, e com o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Cléver de Almeida, para debater o processo que permitirá a realização de quatro jogos da Copa na cidade.

Entre as questões estará a recente valorização do potencial construtivo, moeda imobiliária da prefeitura. Pelo texto da lei 13.620, a prefeitura poderia conceder "no máximo R$ 90 milhões" em papéis virtuais para a reforma da praça esportiva. Ao fechar o acordo com o clube, entretanto, o município se comprometeu a arcar com R$ 128 milhões, ou seja, R$ 38 milhões a mais do que o teto estipulado por lei.

Conforme a lei de 2010, a revisão desses títulos municipais deveria ser determinada pela variação do Cus­­to Unitário Básico de Construção (CUB), índice que mede os custos da construção civil. Se esse fator tivesse sido levado em conta, o total liberado no último dia 11 ao Atlético, contudo, seria de no máximo R$ 100 milhões.

É essa diferença, cuja va­­lorização foi baseada em critérios próprios do Exe­­cu­­tivo Municipal, é que será questionada no encontro. "Oficialmente, a Câmara não recebeu nenhum comunicado, não há pedido para alterar o limite [de R$ 90 milhões]. Queremos ouvir o mecanismo jurídico utilizado por eles para ver se isso [aumento no valor emitido de potencial construtivo] é legal", afirmou ontem o vereador Pedro Paulo (PT), presidente da Comissão de Acompanhamento da Co­­pa 2014.

O Palácio 29 de Março defende-se dizendo que o im­­bró­­glio será resolvido com a aprovação de uma nova lei na Câmara. A prefeitura, porém, não soube detalhar à reportagem os critérios usados para inflacionar os núme­­ros.

"Existe uma lei, apresentada pelo Executivo, que já está na Câmara, para corrigir essa diferença. O orçamento aprovado era de R$ 135 mi­­lhões e ficou fechado em R$ 184 milhões", ressaltou Luiz de Carvalho, condicionando o reajuste à elevação dos gastos com a adequação do complexo rubro-negro.

Há, ainda, na nova lei uma cláusula que abre brecha para que os gastos públicos com a Arena sejam ilimitados, sempre que "ocorrer ampliação do objeto [custo do estádio] capaz de justificá-lo [o incremento o orçamento]".

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