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Alemães treinam no Mineirão: placar anuncia o duelo dos campeões mundiais | Eddie Keogh/ Reuters
Alemães treinam no Mineirão: placar anuncia o duelo dos campeões mundiais| Foto: Eddie Keogh/ Reuters

Síndrome do ‘quase’ é o desafio alemão por vaga na final

O Brasil precisará contornar a ausência de Neymar, mas a Alemanha também tem um desafio emocional particular em jogo na semifinal de hoje, no Mineirão. Os europeus carregam nos ombros a alcunha de "time do quase". A atual geração, que começou a ser forjada na Copa de 2006, se destaca pelo bom futebol e sempre é apontada como uma das favoritas nos torneios que disputa. O retrospecto nas fases decisivas, no entanto, é decepcionante.

No Mundial disputado em casa, há oito anos, os carrascos foram os italianos, nas semifinais. Depois, a pedra no caminho alemão passou a ser a Espanha e o seu tiki-taka. La Roja encerrou um jejum de 44 anos sem títulos ao bater a Alemanha na final da Euro 2008. Dois anos depois, nova vitória espanhola diante dos germânicos na semifinal da Copa de 2010, na África do Sul.

Na Eurocopa de 2012, alemães novamente entre os quatro melhores. Favoritos diante da Itália, caíram por 2 a 1 e ficaram fora da decisão. O lateral Lahm, o volante Schweinsteiger e os atacantes Podolski e Klose são os únicos que vivenciaram todos os traumas, desde 2006. Eles sabem que não adianta chegar longe mais uma vez. É preciso vencer.

"Evoluímos muito em relação à última Copa. Os jogadores estão mais experientes, tanto na seleção quanto nos clubes. Estamos crescendo juntos e prontos", disse Schweinsteiger, esperançoso de que não vai passar por mais uma decepção no Brasil. "Todos estão se sentindo bem para o jogo, muito concentrados e focados. Sabemos o que podemos dar em campo e temos condições de ganhar", reforçou o treinador Joachim Löw.

Um Brasil alemão e uma Alemanha brasileira decidem o primeiro finalista da Copa 2014. O caminho das duas seleções até o Mineirão indica que os pentacampeões incorporaram a disciplina tática, o jogo físico e a bola alta sempre associados aos germânicos. E que a equipe mais presente entre os quatro melhores do Mundial tomou gosto pela troca de passes, a posse de bola e a penetração na área inimiga que fizeram a fama do país do futebol.

A marcação é a principal virtude do Brasil de Felipão. Uma marca incorporada por Oscar. Camisa 11 e herdeiro técnico de Neymar, o meia do Chelsea é o rei dos desarmes no torneio. São 30 roubadas de bola, normalmente com carrinhos que têm deixado suas pernas quase em carne viva ao fim de cada batalha.

Quando o desarme falha, a seleção brasileira não tem vergonha de parar o jogo com faltas. O time cometeu 96 infrações e tomou dez amarelos. É o time que mais bate e o mais indisciplinado. É, também, aquele que mais apanha (94 faltas sofridas). Por consequência, suas partidas são as mais faltosas: 39 em média. Pouco perto das batalhas contra Colômbia e Chile, as mais violentas do torneio, com 54 e 51 paralisações, respectivamente. Muito diante das 27 infrações por partida dos alemães.

"O último jogo do Brasil foi uma luta. Muitas faltas e apenas 39 minutos de bola rolando. Desse jeito, não teremos mais Neymar, Messi etc. Somente jogadores que entram para destruir", criticou o técnico alemão Joachim Löw.

Um ponto de vista oposto ao de Felipão. Para o gaúcho, mesmo sem encantar, o Brasil vem chegando. "Estamos indo passo a passo. Não de forma muito bonita, linda, mas caminhando. Falta mais um degrau para atingirmos o patamar que queríamos, de jogar uma final de Copa em casa", reconheceu Scolari.

Um futebol feio, porém eficiente. Com 53,5% de posse de bola (11.° no torneio) e 81,1% de acerto de passe (81,1%), o Brasil é o quarto time que mais finaliza: 80 arremates. Mais do que a Alemanha.

À frente da seleção desde o fim da Copa de 2006, Löw implanta um estilo de posse de bola, quase um Barcelona (ou Bayern) de Guardiola. Os alemães lideram os rankings de passes (3.577 toques) e estão em terceiro no acerto deste fundamento (86,7%) e na posse de bola (60,7%). Domínio que produziu, em 74 finalizações, os mesmos 11 gols que o Brasil.

Parte da explicação está na maneira como a Alemanha gosta de atacar a meta inimiga. Todos os seus gols foram de dentro da área. Nove com os pés. Apenas dois de cabeça. Arma histórica dos alemães (são 43 gols dessa maneira em Mundiais) que o Brasil tomou para si. Vide os gols contra o Chile e Colômbia: bola alta, casquinha no primeiro pau e finalização no segundo.

"É um Brasil de jogo angustiado e febril, em que os zagueiros se convertem nos pilares que governam sua própria área e se sentem com autoridade para conquistar a área contrária", definiu o ex-jogador argentino Jorge Valdano, campeão mundial em 1986, ao jornal El País, da Espanha. Em outras palavras, um Brasil mais alemão que a própria Alemanha.

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