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O Facebook virou zona livre para a ação de cambistas na Copa do Mundo de 2014. Grupos fechados na rede social vendem com ágio superior a 500% um ingresso para o jogo entre Brasil e Colômbia, sexta-feira, em Fortaleza, pelas quartas de final. Pelo canal oficial da Fifa, a partida que definirá o segundo semifinalista do Mundial tem bilhetes esgotados.

A Gazeta do Povo entrou, ontem, em um desses grupos. Composta por 27 mil membros, a página é um ativo balcão de negócios virtual. No intervalo de uma hora, foi possível contar a postagem de 81 ofertas, média mantida durante todo o dia. Compra, venda e troca para os dois jogos de hoje, que encerram as oitavas de final, e todos das três fases restantes.

A variedade de categorias e a natureza das negociações também são amplas. Há entrada para idoso e estudante, as mais baratas. Também para o setor VIP, com traslado e open bar de três horas antes até duas horas depois da partida, ou camarote no Maracanã para a final. Os vendedores variam de torcedores que não poderão ir a determinado jogo e vendem pelo preço Fifa – ou pouco acima disso – a cambistas profissionais, que viram na Copa uma oportunidade de ganhar dinheiro. Eles reforçam a carga adquirida antes do Mundial com vigílias permanentes no site da Fifa, que diariamente despeja novos e concorridos lotes.

No fim da tarde, a oferta com maior número de comentários era a de quatro ingressos categoria 1 para Brasil x Colômbia. No site da Fifa, cada bilhete custava R$ 660. No câmbio paralelo, R$ 4 mil. A pedida gerou uma enxurrada de xingamentos ao cambista, mas ainda havia gente disposta a negociar.

Para evitar a exposição, muitos citavam o jogo em mensagem aberta e tratavam das condições de preço, pagamento e entrega em conversas privadas. "Tenho três ingressos da categoria 2 e um da categoria 1 para a semifinal em BH [Brasil ou Colômbia x França ou Alemanha]. São R$ 3 mil cada. Tenho conta bancária para depósito e envio por Sedex 10, mas não posso dar desconto. Recebo comissão", disse à Gazeta do Povo um membro do grupo, indicando ser intermediário de outro cambista.

A negociação a distância traz implícito o risco de golpe. Em outra postagem, com mais de 300 comentários, um torcedor relatava ter comprado por R$ 1,8 mil e não recebido dois ingressos para Argentina x Suíça. "O cara até tirou foto do ingresso à contraluz do jeito que eu pedi, mas quando fiz o depósito o cara sumiu. Não vai ser dessa vez que vou levar minha família ao estádio", lamentou.

Fora do ambiente virtual, o mercado paralelo segue aquecido. No domingo, pouco antes de Holanda x México, já havia cambista negociando entrada para Brasil x Colômbia. O ágio ainda era relativamente pequeno: R$ 1,2 mil por bilhetes de R$ 660.

A tendência é que o preço suba à medida que o jogo for se aproximando, especialmente pela demanda de ingressos da torcida da Colômbia. Segundo dados preliminares da secretaria de Copa do Ceará, apenas 1.560 colombianos haviam comprado seu lugar nesta partida. Nos jogos anteriores, o time de James Rodríguez chegou a ter o incentivo de mais de 20 mil pessoas nas arquibancadas.

A exemplo das outras sedes, Fortaleza tem tido ação de cambistas em todos os jogos. Na véspera de Brasil x México, pela primeira fase, dois cambistas chegaram a ser presos nas imediações do Castelão. Um dia depois do jogo, outros quatro foram presos também perto do estádio com R$ 11 mil, US$ 120 e um ingresso falso.

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