• Carregando...
 |

Negócios

Contrato fez pequena empresa quadruplicar número de funcionários

É pouco provável que o impacto econômico da Copa seja tão grande quanto o alardeado pouco após a escolha do Brasil como sede, em 2007. Mas, para algumas empresas, o Mundial representou uma transformação. É o caso da Prime Portas Automáticas, de Curitiba. Companhia de pequeno porte, que monta e instala sistemas importados da Itália, ela foi contratada em 2012 por uma das empreiteiras que executa o corredor de ônibus TransOeste, no Rio de Janeiro. De 412 portas encomendadas para as estações (foto), 300 estão operando, 40 já foram instaladas e 72 ainda serão entregues. A Prime, que vinha faturando cerca de R$ 300 mil por ano, ganhou R$ 5 milhões só com esse contrato, e teve de elevar número de funcionários de seis para 23, conta a diretora comercial, Érica Medeiros.

Veja também

Das 109 obras da primeira matriz de responsabilidades da Copa do Mundo, 15 foram entregues – entre elas cinco estádios – e 75 estão em andamento. Doze empreendimentos ainda nem começaram e sete foram excluídos da matriz, segundo levantamento publicado em maio pelo Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco).

À medida que se acumulavam atrasos no cronograma do Mundial, projetos mais complexos e custosos foram excluídos, a começar pelos que não fossem indispensáveis. Quase sempre a área prejudicada foi a de mobilidade urbana, a mais associada ao propalado "legado da Copa". Em algumas subsedes, como Curitiba, ganhou força a ideia de decretar feriado em dia de jogo, para aliviar o trânsito.

Um dos projetos cancelados foi a reforma do corredor metropolitano, via de 79 quilômetros entre Colombo e Araucária que custaria R$ 505 milhões. Embora ainda conste da matriz, a reforma da Avenida Cândido de Abreu (R$ 26 milhões) é outra obra já descartada. A Linha Verde Sul (R$ 20,6 milhões) segue na lista, mas está sendo relicitada – se ficar pronta, será em cima da hora.

Apesar das exclusões, a área de mobilidade urbana ainda tem o maior orçamento da Copa (R$ 8,9 bilhões em todo o país). Mas a execução é lenta: 69% desse valor foi contratado e apenas 16%, pago, segundo a CGU. Por outro lado, os desembolsos previstos para os estádios (R$ 7,1 bilhões) têm os maiores índices de contratação (95%) e execução (57%).

"O único legado razoável que teremos no país é o dos estádios. Em Curitiba, vejo com bons olhos a reforma da Rodoferroviária e na Avenida das Torres, e só", diz Ramiro Gonçalez, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA).

Marcos Nicola, responsável pelo estudo da Ernst & Young, se mostra otimista com o legado. "As obras de infraestrutura estão acontecendo e vão terminar a tempo. E o que eventualmente não ficar pronto será concluído em seguida. São obras que foram feitas graças ao Mundial", argumenta.

Túnel do tempo

Em 2007, especialistas previam custo de R$ 10 bi e pediam Felipão

No fim de 2007, a Gazeta do Povo escalou 11 especialistas para saber que impacto econômico eles esperavam da Copa no Brasil. Os três que arriscaram um palpite sobre o valor envolvido estimaram que os custos do evento ficariam próximos de R$ 10 bilhões. Corrigido pela inflação da construção civil, esse valor corresponderia, hoje, a R$ 14,7 bilhões – pouco mais da metade da atual estimativa de despesas (R$ 26,9 bilhões).

Os entrevistados apontaram para o risco de que o poder público assumisse a maior parte dos gastos, e para a chance de grandes atrasos na execução das obras – o que poderia levar a um descontrole de gastos às vésperas do Mundial.

Eles também foram convidados a "escolher" uma final dos sonhos. A maioria cravou Brasil x Argentina, três pediram Brasil x França e um deles, a revanche contra o Uruguai, carrasco em 1950. O técnico favorito para a seleção – na época treinada por Dunga – foi Felipão, com cinco votos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]