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Comerciante e vizinho Valdemiro Jesus: “Festa de rico” | André Pugliesi/Gazeta do Povo
Comerciante e vizinho Valdemiro Jesus: “Festa de rico”| Foto: André Pugliesi/Gazeta do Povo

O sorteio dos grupos para a Copa do Mundo 2014 consumiu R$ 26,4 milhões – R$ 20 milhões bancados pela Fifa e R$ 6,4 milhões pelo governo da Bahia. Gasto gigantesco na tentativa de marcar o último grande evento pré-Mundial como uma tarde "espetacular".

"É a última oportunidade de mostrar ao mundo o show que virá pela frente em seis meses. O sorteio tem de ser espetacular", afirma Joseph Blatter, presidente da Fifa, sobre o compromisso a ser realizado no complexo de resorts Costa do Sauípe, às 14 horas.

A expectativa é de que o evento seja assistido por 500 milhões de pessoas em 193 países. São 1,3 mil convidados e 2 mil jornalistas do mundo inteiro credenciados para a cobertura.

Tamanha audiência foi a justificativa encontrada pela Bahia para os R$ 6,4 milhões empregados. Valor utilizado para a instalação de tendas provisórias (a principal mede 9 mil metros quadrados), operação e segurança.

O dinheiro da Fifa serviu para produção de televisão, performance de artistas e infraestrutura de mídia. Há quatro anos, a entidade despendeu US$ 6,1 milhões (R$ 14,3 milhões em números atualizados) para o sorteio na Cidade do Cabo, na África do Sul.

O show será conduzido pelo casal de apresentadores Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, embalados pelo slogan "Juntos num só ritmo". Entre as atrações musicais estão Alcione, Emicida, Vane­ssa da Mata, Alexandre Pi­res, Margareth Menezes e Olodum.

Tudo em uma área que é um oásis a cerca de 100 quilômetros da capital Salvador. Estrutura que comporta seis hotéis de alto padrão, com praia exclusiva, um dos pontos turísticos mais concorridos do Nordeste.

Para a ocasião, o Costa do Sauípe – ou "do Saiúpe", como diz José Maria Marín, presidente da CBF – foi fechado para os hóspedes "normais". E até quarta-feira quem ainda estava curtindo as férias ou folga teve de se adaptar ao "padrão Fifa".

A água de coco, um dos principais produtos locais, sumiu do cardápio por não integrar a lista de patrocinadores da entidade. Da mesma forma, a cerveja americana Budweiser substituiu as marcas brasileiras.

Desde ontem, passaram a circular pelo espaço celebridades do futebol mundial e um batalhão de engravatados e seguranças. Entre os ex-boleiros, estão os responsáveis por tirar as bolinhas no sorteio: o uruguaio Alcides Ghiggia, o francês Zinedine Zidane, o brasileiro Cafu, o italiano Cannavaro, o argentino Mario Kempes.

A apenas 10 quilômetros de distância, entretanto, o cenário é bem diferente. Em Porto do Sauípe, pobreza e pouco interesse sobre o que ocorre dentro do suntuoso complexo vizinho. "É uma festa de rico, só isso. Infelizmente não mudou nada para a gente aqui", diz o comerciante Valdemiro Jesus.

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