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Sem liberação

Menos de um dia antes do duelo entre México e Camarões, a Arena das Dunas corre contra o tempo para ser liberada pelos bombeiros. Cerca de 40 homens trabalham desde as 7 h de hoje para concluir a instalação de assentos, guarda-corpos e para relocarem escadas nas arquibancadas temporárias do estádio. Caso não seja aprovada totalmente na vistoria das 15 h, haverá nova inspeção. "Pode ser que fique até para a manhã de sexta [amanhã], já que a abertura dos portões será às 11 h. Estamos trabalhando para ser o quanto antes", explica o tenente Christiano Couceiro, do Corpo de Bombeiros de Natal. Fan Fest e locais de recepção de torcedores também aguardam liberação.

Em quase todos os cantos da cidade a impressão é a mesma. Do aeroporto inaugurado às pressas na última segunda-feira, passando pelo complicado entorno da Arena das Dunas, até os inacabados quiosques que beiram as belas praias de Natal. A capital potiguar recebe amanhã, literalmente pela metade, o primeiro de seus quatro jogos da Copa do Mundo.

Antes de México e Cama­­rões entrarem em campo às 13 horas, os torcedores verão um cenário tomado por obras. Ontem, calçadas enlameadas compunham o ambiente com caminhões, tratores, muitos cones e operários. Isso, bem em frente do estádio, na Avenida Prudente de Morais, uma das principais da cidade, recentemente liberada após a conclusão de um viaduto estaiado.

No local, o trânsito era caótico. Para piorar, o sindicato dos motoristas de ônibus da cidade ameaça entrar em greve. Mesmo assim, a prefeitura promete deixar tudo pronto antes do jogo.

"Isso aqui é característico do brasileiro, que não costuma executar o que planeja. É vergonhoso ver a cidade pela metade às portas da Copa", reclama o advogado Jailson Marques, 31 anos, enquanto sujava os sapatos de terra para cruzar a via, exatamente abaixo de uma passarela ainda incompleta.

Do outro lado da praça esportiva que já foi conhecida como Machadão – demolido em 2011 –, o viaduto Lima e Silva segue em obras. Isolado por tapumes metálicos, a estrutura não será liberada a tempo do torneio. Sua previsão de conclusão é para a metade de julho.

"Como o pessoal daqui fala, 'é o jeito'. Era para a Copa, mas vai ficar para depois", diz um segurança do consórcio Queiroz Galvão e Ferreira Guedes, responsável pela reforma nos arredores do estádio. Ele preferiu não se identificar.

A 12 km dali, normalmente percorridos em bem mais de meia hora, o Aeroporto Internacional Augusto Severo, na vizinha Parnamirim, também reflete a Copa do Mundo potiguar. O trajeto até lá tem diversos pontos de trabalho pesado, o que causa em grandes engarrafamentos na BR-101. Alguns trechos têm pistas simples, além de sinalização e iluminação muito ruins.

O novo aeroporto, batizado Governador Aluízio Alves para homenagear o principal clã da região, em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, também não está totalmente pronto. Algumas colunas de sustentação ainda não foram pintadas e partes do teto e do banheiro não têm acabamento. Cara típica de que houve correria para a inauguração na data prevista, ao contrário do que aconteceu na orla natalense.

Quiosques que costumam lotar ficarão ociosos durante o Mundial. A modernização não ficou pronta a tempo e, agora, apenas pedreiros terão o mar esverdeado como pano de fundo. Imagem de que ficou tudo para a última hora. "Quem for ao estádio vai ter uma boa recepção e voltar com uma boa impressão, apesar das obras inacabadas", garante o secretário municipal de Copa Demétrio Torres.

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