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Em busca de talento e novidades, Joachim Löw, técnico da Alemanha, acompanha por vídeo ou in loco as principais competições do planeta | Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo
Em busca de talento e novidades, Joachim Löw, técnico da Alemanha, acompanha por vídeo ou in loco as principais competições do planeta| Foto: Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo

A Alemanha não teve vergonha em buscar fora de casa ingredientes para voltar a uma final de Copa depois de 12 anos. Seja rodando o mundo, seja abrindo as portas do seu maior clube para técnicos estrangeiros, os alemães incorporaram ao seu jogo elementos de um antigo rival e do maior algoz do time de Joachim Löw, que decide o Mundial de 2014 hoje, às 16 horas, contra a Argentina, no Maracanã.

Da sua sala na sede da Federação Alemã, Löw coordena um extenso trabalho de observação. Desde 2004, quando era auxiliar técnico de Jürgen Klinsmann, analisa in loco ou por vídeo o futebol jogado pelos principais times e seleções do planeta. Radar que alcança das ligas europeias à Copa América, e indicou uma atenção especial à Holanda, com seu jogo de ocupação de espaços germinado por Rinus Michels. A Laranja Mecânica que, ironicamente, a Alemanha não deixou ser campeã mundial em 1974.

"Nos últimos anos, é claro, nós olhamos para além da fronteira alemã. Mesmo sendo um pequeno país, a Holanda sempre teve jogadores individuais excelentes, alguns dos melhores do mundo. É impressionante. Os técnicos apresentam rendimento incrível também. Vocês ocupam bem os espaços, todo o campo, em profundidade", afirmou Löw, em resposta a um jornalista holandês, ontem, no Maracanã.

A ocupação de espaços é uma das marcas da seleção alemã. No histórico 7 a 1 do Mineirão, uma massa consistente bloqueava, sufocava e espetava os brasileiros da defesa ao ataque, com a mesma eficiência. Os mapas de calor da equipe na Copa são manchas uniformes desde a própria área, protegida pelo goleiro-linha Neuer, ao gol inimigo, bombardeado por Klose, Müller e Kroos.

Neste latifúndio, a Alemanha mantém a posse de bola e troca passes à exaustão. Muito mais hoje, no Brasil, do que em 2010, na África do Sul, ou 2012, quando parou na semifinal da Eurocopa. Em quatro anos, a posse subiu de 51% a 59,4%. O número de passes trocados era 409 na África, 555 na Polônia e Ucrânia e atingiu 695 no Brasil. O acerto no fundamento também cresceu: de 73% na Copa passada para 82% na atual.

Cinco dos dez maiores passadores do torneio são alemães. A Espanha não possui ninguém na lista. Embora tenha deixado o Brasil com mais posse de bola que a Alemanha, a Roja acertou menos passes que os finalistas. Um claro caso em que o discípulo superou o mestre.

Löw coloca o jogo espanhol no mesmo patamar do holandês como exemplo para a Alemanha atual. Mentor do tiki-taka que ajudou a Espanha a bater os alemães na final da Euro-2008 e na semifinal da Copa-2010, Pep Guardiola implanta essa filosofia há um ano no Bayern. Sete jogadores da seleção jogam no time de Munique. Quatro trabalharam lá com Louis Van Gaal, técnico da Holanda, entre 2009 e 2011.

"Eles expandiram os horizontes. Parte do que nós aprendemos foi investida agora na seleção nacional, de modo que todos nos beneficiamos do trabalho com técnicos estrangeiros", admitiu Bastian Schweinsteiger, um dos que melhor se serviram da fonte que ajudou a construir a Alemanha de 2014.

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