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Operário ajusta os arremates finais da Arena da Baixada: previsão de mais uma greve por falta de pagamento a uma empresa de engenharia | Luis Henrique Sciamanna/ Gazeta do Povo
Operário ajusta os arremates finais da Arena da Baixada: previsão de mais uma greve por falta de pagamento a uma empresa de engenharia| Foto: Luis Henrique Sciamanna/ Gazeta do Povo

O feriado do Dia do Trabalho é hoje, mas a promessa é de que parte das atividades na Arena da Baixada pare amanhã. O engenheiro Edson do Nascimento, responsável pela JD Engenharia, que presta serviços na reforma do estádio, promete levar cerca de 90 operários ao complexo rubro-negro para bloquear as entradas da Brasílio Itiberê e impedir o acesso de outros trabalhadores à atrasada obra.

A barricada humana – inicialmente programada para hoje, mas adiada para sexta, às 8h30, devido à folga de 1.º de Maio – é a tentativa extrema de cobrar uma dívida de R$ 85 mil que a JD Engenharia tem a receber como subcontratada da A.A. Camargo, uma das empreiteiras envolvidas na remodelação do Joaquim Américo.

"Preciso receber de alguma forma. Estou tentando desde fevereiro cobrar essa dívida. Tenho todos esses funcionários para pagar. Vamos fazer um ‘fervo’ aqui e não deixar ninguém entrar", avisou Nascimento à Gazeta do Povo e depois por telefone a Rodrigo S. Maia, da CAP S.A, que se prontificou a tentar conversar com a A.A Camargo, envolvida em outra greve no início de abril pelo mesmo motivo. Procurada, a empresa não atendeu a reportagem.

Funcionários também reclamam que não estão recebendo as rescisões de contrato e alegam falta de registro na carteira de trabalho. "Um funcionário foi cobrar uma dívida de R$ 3 mil e quando ameaçou chamar a imprensa, deram R$ 500 só para ele ficar quieto. Por que não acertam o que têm de acertar?", questionou o engenheiro. "Estão mandando que a gente procure os nossos direitos na Justiça, porque não vão pagar", acrescentou o eletricista Fábio Oliveira, referindo-se a outra empreiteira, mas mantendo o sigilo do nome.

O protesto público de amanhã engrossa a lista de outras paralisações por atraso de salários e minigreves veladas que nem sequer são divulgadas.

"Fazem greve direto lá dentro", conta o montador Sandro Xavier de Lima, 41 anos, há quatro meses na obra. "Toda hora um grupo fica sem receber. Daí vão lá, 30, 40, 60 pessoas sentam lá na arquibancada até que alguém venha negociar e então eles voltam às atividades. E o trabalho vai atrasando...", acrescentou.

Intercorrências marcam o andamento da reforma do complexo atleticano, uma das principais obras recentes da cidade. Em outubro, por exemplo, a Justiça do Trabalho embargou as atividades por irregularidades referentes à segurança dos trabalhadores. Em março deste ano, uma greve no transporte público causou um prejuízo "imensurável", de acordo com o engenheiro da obra, Luiz Volpato, por causa da falta de funcionários.

A própria engenharia financeira elaborada via acordo entre Atlético, estado e prefeitura adiou o repasses de dinheiro, atrasando a conclusão do estádio, que tenta acelerar o ritmo para receber o primeiro – e único – teste no padrão Fifa daqui a duas semanas. A expectativa é de que parte das instalações esteja pronta até o dia 14 de maio, quando a Arena recebe um amistoso do Atlético com o adversário ainda indefinido.

"Cheguei a temer que não ia terminar. Não vai estar pronto, mas vamos entregar", conta Amarildo Ribeiro, operador de ferragens, com 30 anos de profissão e há 1 ano e 3 meses trabalhando na Baixada. "Não vou dizer que foi a maior, mas foi a construção mais complicada que trabalhei. Faltou muita organização e planejamento, por isso atrasou tanto", completou o operário, que também é torcedor do Atlético. "É bacana trabalhar aqui, uma obra que será vista no mundo por causa da Copa", reforçou.

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