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Principal ícone do futebol brasileiro, Maracanã se despede da Copa sem ter recebido a seleção brasileira | Ricardo Moraes/ Reuters
Principal ícone do futebol brasileiro, Maracanã se despede da Copa sem ter recebido a seleção brasileira| Foto: Ricardo Moraes/ Reuters

Fracasso e política deixam a seleção sem o Maracanã

As alianças políticas do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foram determinantes na escolha dos locais dos jogos do Brasil na Copa. O critério esportivo foi deixado em segundo plano e a seleção pagou a conta. Eliminado na semifinal de forma humilhante, diante da Alemanha, o time de Luiz Felipe Scolari encerrará o Mundial em casa sem pisar no Maracanã, grande ícone do futebol nacional.

Essa é a primeira vez na história do torneio que a equipe dona da casa não atua no estádio da decisão. Dez seleções passaram pela praça esportiva carioca. França e as finalistas Alemanha e Argentina terão no currículo duas partidas no local.

No roteiro brasileiro, porém, Belo Horizonte e Fortaleza tiveram os maiores privilégios. O time verde-amarelo atuou duas vezes em cada cidade, fruto da relação estreita de Teixeira com o senador mineiro Aécio Neves – são amigos próximos – e com o governador cearense Cid Gomes.

Não estava nos planos, mas com a derrota e a ida para a disputa do terceiro lugar, Brasília também receberá a seleção pela segunda vez, no duelo diante da Holanda, sábado. Na capital federal, a parceria mais próxima do ex-chefão da CBF foi com o ex-governador José Roberto Arruda. Os dois foram investigados em um caso de suposta lavagem de dinheiro ligada à reinauguração de outro estádio na cidade, o Bezerrão, em 2008.

  • Neymar: principal craque do país e ausente no fiasco do Mineirão, é o líder da renovação.
  • David Luiz: queridinho da torcida, o zagueiro será um dos polos de experiência na reformulação.
  • Phillipe Coutinho: destaque no renascido Liverpool, é nome certo nas listas pós-Copa.
  • Ganso: a boa fase no São Paulo e a falta de meia em 2014 farão seu nome voltar a ganhar força.
  • Oscar: estreou bem, foi brioso na derrota e tem cartaz na Europa, apesar da Copa sofrível.

Ao defender os jogadores que chamou para 2014, Luiz Felipe Scolari lançou um olhar para 2018. Tentativa de poupar do massacre público um grupo que terá a missão de limpar a imagem do futebol brasileiro manchada pelos sete gols sofridos para a Alemanha, terça-feira, no Mineirão. "Não podemos terminar a vida dos jogadores. Pelo menos 70%, no mínimo, estará em 2018 com uma bagagem diferente", afirmou Felipão. O remédio certo, mas na dose errada.

SLIDESHOW: Confira os nomes que podem significar renovação para o Brasil

A não ser que pretenda levar à Rússia uma seleção envelhecida, o Brasil terá de renovar muito mais do que os sete nomes que seriam trocados pela matemática do treinador. Do time humilhado pelos alemães, apenas cinco jogadores terão menos de 30 anos em 2018: Bernard (21), Neymar (26), Oscar (26), Paulinho (29) e Willian (29). Luiz Gustavo, Marcelo, David Luiz, Ramires e Thiago Silva terão entre 30 e 33 anos. Uma retenção que chegará, no máximo, a metade do grupo formado por Felipão.

Para completar a lista, o futuro treinador encontrará problemas similares aos de Scolari: zagueiros e meio-campistas de sobra, carência de atacantes e incertezas no gol. Marquinhos (PSG), Dória (Botafogo) e Manoel (Cruzeiro) largam na frente para fazer sombra a David Luiz e Thiago Silva. À frente da defesa, Lucas Leiva, Casemiro e Phillipe Coutinho devem ganhar espaço, assim como Paulo Henrique Ganso.

Debaixo das traves, nenhum dos quatro goleiros mais testados por Felipão deve durar mais um ciclo. Júlio César até anunciou aposentadoria da seleção. Difícil é vislumbrar opções imediatas. Marcelo Grohe (Grêmio), Neto (Fiorentina), Gabriel (Milan) e Rafael (Napoli) são muito mais apostas do que certezas. No ataque, nem isso. Os centroavantes mais jovens são os queimados Pato e Damião, ambos com 24 anos.

Olhar para a base também não ajuda. Os últimos integrantes das seleções sub do Brasil têm seus pró­­prios traumas a superar. Gabriel, Sandro, Lucas, Danilo e Ganso estiveram com Neymar e Oscar na prata olímpica de Londres-2012. Adryan (Flamengo) e Ra­­fi­­nha (Barcelona) são expoentes de uma seleção sub-20 que nem passou da primeira fase do Sul-Americano e ainda recebeu a pecha de indisciplinada da CBF.

Estes garotos terão a chan­­ce de redimir parcial­­men­te o futebol brasileiro dentro de dois anos, com a Olimpíada do Rio. Quando entrarem na disputa do inédito ouro olímpico, já terão jogado a Copa América de 2015 e iniciado as Eliminatórias. Tudo isso com um novo treinador. Felipão se despede no sábado. Tite é o mais cotado para reconstruir a seleção a partir dos escombros de 2014.

Confira os jogadores

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