Neymar dependência

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O Brasil tem o seu Messi e ele se chama Neymar. A comparação, feita à exaustão por torcida e imprensa, foi assumida sem trauma pelo técnico Luiz Felipe Scolari. Após a seleção ser conduzida às oitavas de final da Copa por causa de mais uma grande exibição do camisa 10, o treinador exaltou a relação de dependência do time com o seu craque.

"O Brasil depende do Neymar assim como a Argentina depende do Messi. Alguns jogadores são diferentes, jogam de forma diferente. Craque faz diferença em qualquer seleção", afirmou Felipão.

Messi decidiu os dois jogos da Argentina no torneio. Fez o segundo gol no 2 a 1 sobre a Bósnia, na estreia. Diante dos iranianos, evitou um constrangedor 0 a 0 aos 45 minutos do segundo tempo.

Neymar tem trajetória parecida. Fez o gol do empate e o da virada por 3 a 1 sobre a Croácia. Marcou os dois primeiros no 4 a 1 sobre Camarões. Classificou o Brasil e, sem cometer falta nem revidar ao jogo duro dos africanos, evitou o cartão que o deixaria fora das oitavas de final. E ainda tem chances de chegar ao duelo com o Chile como artilheiro do Mundial.

Com os gols em Brasília (o primeiro foi o centésimo desta Copa), chegou a quatro na competição. Passou o francês Benzema, o alemão Müller, o colombiano Enner Valencia e os holandeses Robben e Van Persie, todos com três gols. Os três primeiros ainda entram em campo na fase de grupos.

"Estou realizando um sonho, uma coisa que busquei desde pequenininho. O que eu quero é ajudar. Não só com gols, mas marcando, dividindo, o que for possível para o Brasil sair vencedor", disse Neymar.

O atacante também ganhou posições na lista de artilheiros da seleção brasileira. São, agora, 34 gols em 49 jogos. Deixou para trás Jairzinho e Ronaldinho Gaúcho, ambos com 33. Tem tantas bolas na rede quanto Rivaldo, mas, pela média (0,7 a 0,5), é o sexto colocado. Tem à sua frente Pelé (77), Ronaldo (62), Romário (55), Zico (48) e Bebeto (39).

Números que evidenciam um protagonismo explícito em campo, mas rechaçado por Neymar. O atacante repele qualquer tentativa de lhe impor uma responsabilidade maior do que aos demais jogadores. Mesmo sabendo que o peso de qualquer resultado da seleção no Mundial será maior sobre seus ombros.

"A responsabilidade que assumo é a de ajudar os companheiros. Cada um tem sua função, não tem um mais importante do que o outro", disse, satisfeito com o jogo de ontem. "Foi nossa melhor partida. Não só pelo placar, mas pelo querer mais de cada um. Estamos no caminho certo, mais perto de alcançar nosso sonho", afirmou.

Um sonho que depende mais de Neymar para se tornar real. Exatamente como qualquer sonho argentino na Copa passa por Messi.